Começa com um homem desesperado porque toda mulher para a qual olha fica com cara de demônio. Isso culmina com seu suicídio. Corta pra um paramédico (um novato canastrão chamado Kristopher Shepard) que não conseguiu salvar uma vítima e fica se culpando, enquanto sua esposa o trai. Corta novamente para Ving Rhames (“Piranha 3D“) como um detetive que, após a misteriosa morte de seu filho, passa a investigar o caso, chegando numa prostituta morta que fazia rituais satânicos, cujo espírito maléfico pode estar encarnado em outra mulher.
O roteiro passa os primeiros dois atos, convergindo as duas últimas tramas de forma bastante eficaz. Vai montando os fatos e fazendo as correlações de forma natural e fluida e, tirando a péssima atuação do tal do Shepard, de resto consegue convencer o espectador, inclusive com um bom uso e efeitos especiais.
Mas aí chega o terceiro até e simplesmente destrói toda a linha narrativa que vinha sendo construída. Talvez uma das maiores técnicas de auto-sabotagem de um filme nos últimos tempos. Primeiro que a seqüência inicial nunca é explicada e não tem nenhuma aderência com o resto da trama. Alguns diálogos, como o do paramédico com um antigo companheiro sobre bruxaria, mostram-se totalmente fora do contexto e só resulta em embromação. Pior ainda é o final: seria a hora de uma guinada e uma reviravolta original (num dado momento o demônio diz que já encarnou em corpos de mulheres, homens e animais), porém eles se limitam a fazer o que o público provavelmente já previa.
“Anjo Maldito” é aquela produção B que tinha muitas chances de surpreender os fãs do terror, mas parece ter se exaurido nos últimos 20 minutos. Mais um desperdício do embrião de uma boa história.
[rating:2]
Ficha Técnica
Elenco:
Ving Rhames
Ava Gaudet
Kristopher Shepard
Richard Dutcher
Marie Westbrook
Direção:
Richard Dutcher
Produção:
Richard Dutcher
Fotografia:
Bill Butler
Trilha Sonora:
John Frizzell