11/11/11

Qualquer filme que tenha Deus ou o Diabo como “personagens” de uma trama – mesmo que não necessariamente materializados – tendem a cair numa encruzilhada narrativa, por exemplo: se Deus não quer que determinado personagem viva, seria apenas uma questão de fazer o cara ter um AVC ou fazer um raio cair na cabeça dele. Sendo rígido por este ângulo, qualquer trama divina ou demoníaca que envolva uma conspiração para prender o espectador durante 100 minutos não faria o menos sentido. Portanto os mais radicais deverão ficar fora do circuito de “11/11/11”. Aos demais (grande maioria, penso eu), basta comprar a idéia.

Recheado com ótimos sustos pelo diretor Darren Lynn Bousman, que se fez na série “Jogos Mortais” e depois dirigiu o ótimo “Dominados Pelo Ódio”, a produção nos apresenta o ator televisivo Timothy Gibbs como o escritor de sucesso Joseph Crone, que vive em miséria espiritual depois que perdeu esposa e filho num incêndio. Ele deixou de acreditar em Deus, porém começa a ter certas visões de estranhas entidades e repetidamente o número 11/11/11 aperece em sua vida. Quando seu irmão, Padre Samuel (Michael Landes de “Sombras de um Desejo”) o chama de volta a Barcelona para acompanhar o pai a beira da morte, os fenômenos se intensificam e ele começa rever seus conceitos, crer que estava errado quanto a existência de Deus e fazer o possível para salvar a família, decifrando o enigma que o número 11/11/11 representa.

De positivo, como já citado, os sustos que fogem daquele padrão que o cinema japonês estipulou dão uma boa dose de tensão, além do fato de diretor e elenco levar a sério o roteiro, sem as piadinhas que tanto degradam exemplares do gênero. Detalhe que os flashbacks ao final são tecnicamente idênticos aos usados em “Jogos Mortais”.

Por outro lado, o roteiro comete dois erros fatais que rivalizam com o dilema comentado no primeiro parágrafo e diz respeito à grande reviravolta da trama no último ato: primeiro que se tudo dependia da ciência do protagonista sobre determinado acontecimento, porque “quem” sabia da verdade simplesmente não contou pro escritor sob a forma de sonho ou até mesmo de presença física, limitando-se a tolos enigmas? Segundo – e sem querer revelar o cerne da questão – o espectador vai descobrir no fim que todo o filme se baseia numa certa estética que praticamente o manipula e o engana, mesmo que com um mínimo de atenção, qualquer um da platéia consiga antecipar o que vem a seguir.

Por isso que “11/11/11”, apesar de ter sido um interessante esforço para um terror bem elaborado, cai por terra frente a revelações que praticamente descambam para uma ilusão forçada. Só pra se ter uma idéia, se o Céu tivesse um departamento de marketing e, se eu fosse Deus, depois desse filme eu já tinha demitido o gerente de marketing.

Ficha Técnica

Elenco:
Timothy Gibbs
Michael Landes
Denis Rafter
Wendy Glenn
Lluís Soler
Brendan Price

Direção:
Darren Lynn Bousman

Produção:
Loris Curci
Richard Heller
Christian Molina
Wayne Allan Rice

Fotografia:
Joseph White

Trilha Sonora:
Joseph Bishara

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