Nos anos de 90 houve duas guerras na região dos Bálcãs: a guerra da Iugoslávia na primeira metade da década e a de Kosovo na segunda.
Esse excelente suspense de guerra se passa nesta última, quando famílias eram dizimadas sem dó e suas jovens eram sequestradas para prostituição que atendia basicamente guerrilheiros sérvios. É aí que encontramos Angel (a atriz televisiva Rosie Day) que por ser muda e ter uma marca de nascença no rosto, foi poupada do ofício da prostituição numa casa de tolerância decadente para ser empregada e brinquedo sexual de seu dono, Viktor (o desconhecido Kevin Howarth). Seu dia a dia se resume em arrumar a casa, limpar as garotas e enchê-las de heróina para estarem entorpecidas na hora de um sexo tão selvagem que pode leva-las a morte. Até o dia em que encontra aquele que matou a sua família.
Um dos filmes que melhor expõe graficamente o horror da violência explícita e da guerra e não se priva de mostrar com riqueza de detalhes, pessoas sendo esfaqueadas, com a garganta cortada ou cravada de balas em cenas que chegam a chocar até os mais preparados.
A direção consegue desenvolver bem os personagens – mesmo alguns um tanto estereotipados – e principalmente nos convence que as habilidades inatas de Angel tanto em sua submissão quanto na sua explosão conseguiriam ser páreo para seus algozes.
Outro detalhe interessantíssimo é a cenografia, mais precisamente o layout da casa, a qual teve que ser construída de forma a ser vista tanto por fora quanto por dentro das paredes, por onde Angel se arrasta em muitas de suas rondas e escapadas e acabam tendo um efeito de tensão excelente.
“A Casa da Tolerância” é daqueles filmes desconhecidos que surpreendem pela ousadia, direção precisa e que choca na medida certa para se tornar relevante sem ser apelativo. Filmaço.
Ficha Técnica
Elenco:
Rosie Day
Sean Pertwee
Kevin Howarth
Anna Walton
Jemma Powell
David Lemberg
Amanda Wass
Sean Cronin
Tomi May
Direção:
Paul Hyett
Produção:
Michael Riley
Fotografia:
Adam Etherington
Trilha Sonora:
Paul E. Francis
