A Casa dos Sonhos (“Dream House”)

Taí um filme interessante que foi destruído por conflitos internos nas filmagens. É uma produção com tantas falhas… e não são erros que só um crítico especializado veria, mas erros primários e simplórios. Entretanto, no meio de tudo há lá presente uma qualidade inegável do esforço de seus realizadores para dar certo. Os problemas foram tão feios que o premiado diretor Jim Sheridan (“Fique Rico ou Morra Tentando”) pediu que retirasse seu nome dos créditos – o que não ocorreu – e ele, juntamente com o casal de protagonistas Daniel Craig (“Cowboys & Aliens”) e Rachel Weisz (“Agora”) se recusaram a promover o filme.

Craig é Will, escritor que se muda com sua esposa Libby (Weisz) e suas duas filhas para uma nova casa. Descobrem mais tarde que o local foi o palco de um assassinato da família que morava lá anteriormente e que o principal suspeito era o pai, o qual recém saiu de um hospital psiquiátrico. É quando começam observar um estranho que ronda a casa e que pode ser o próprio assassino.

Os problemas, os quais facílimos de detectar, já começam na edição inicial. Não se tem idéia exatamente se Will acabou de se mudar, se a casa já era dele e muito menos o que sua vizinha Ann (Naomi Watts de “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos”) tem a ver com a história. Aliás, diga-se de passagem, Watts está mais como uma ponta de luxo do que como uma coadjuvante. Para se ter uma idéia do transtorno que os atritos causaram à produção, o trailer (esse que vocês podem ver acima) entrega o que é a maior surpresa de “A Casa dos Sonhos”. Caso vocês queriam ter a surpresa no cinema, parem de ler aqui.

Então vamos continuar: a descoberta de que Will na verdade é o suspeito da chacina e que toda sua família não passa de um fruto de sua imaginação (pelo menos é isso que o filme nos faz pensar) é feita de forma desastrada e despertará nos mais chatos questionamentos que seriam incoerentes se o trabalho de direção e edição fosse mais elaborado. Podem pensar não é concebível que ninguém tenha falado para Will que ele era o potencial assassino, mas se esquecerão que seu próprio tratamento envolveu a eliminação da sua persona anterior, passando inclusive pelo tiro que recebeu na cabeça, fator que pode ter contribuído para seu esquecimento.

Nesse ínterim vemos o elenco bastante comprometido, a ponto de a platéia chegar a realmente se importar com os personagens até mesmo depois de descobrir que Libby não existe realmente. Ou seja, voltando à redação inicial, por trás de todo desastre técnico e narrativo, existem elementos que podem e devem cativar o público.

Infelizmente o roteirista comete um erro fatal (mais um) no que seria a segunda reviravolta da trama. Primeiro que ela é, em impacto, muito inferior à primeira (a descoberta de que Will é o potencial assassino). Segundo que a tal reviravolta final, a qual versa sobre a verdadeira motivação dos crimes é tão pífia que parece ser uma colagem mal feita de outro filme, como se tivessem perdido o rolo do fim da projeção.

Ainda assim não se pode descartar “A Casa dos Sonhos” por completo. Mesmo cheio de defeitos, consegue ter um charme e cativar o espectador. A verdade é que a dupla de protagonistas convence. Deve ter convencido mais pelo fato de que Craig e Weisz de apaixonaram nas filmagens e hoje são marido e mulher. É o amor até em filme de terror.

Ficha Técnica

Elenco:
Daniel Craig
Naomi Watts
Rachel Weisz
Elias Koteas
Marton Csokas
Taylor Geare
Claire Geare
Rachel G. Fox
Jane Alexander
Brian Murray

Direção:
Jim Sheridan

Produção:
Bruce Anderson

Fotografia:
Renato Falcao

Trilha Sonora:
John Powell

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