A Múmia (“The Mummy”)

https://www.youtube.com/watch?v=5w7eXmp6qp8

A notícia boa é que “A Múmia” tinha tudo para dar errado, mas não deu. Por outro lado, também não deu tão certo assim e forçou umas barras de que desafiam a boa vontade do espectador.

Tom Cruise (“Jack Reacher”) faz o papel do Tom Cruise de sempre (só que chamado Nick), o galã de bom coração, e descobre no Iraque uma tumba que guarda uma amaldiçoada princesa do Egito, a qual é estudada de perto por Jenny (Annabelle Wallis de “Rei Arthur”), que logicamente deve ser o interesse amoroso de Cruise, ops, Nick. Essa maldição desperta a Múmia (Sofia Boutella de “Star Trek“), faz de Nick o “prometido” para acordar um deus do mal e ainda aciona o interesse de uma poderosa agência que pesquisa e contém entidades maléficas comandada por um certo Dr. Jeckyll, vivido por Russell Crowe de “Dois Caras Legais”. E se o nome Jeckyll não acendeu uma luzinha, por favor volte às aulas de literatura ou pesquise no Google.

Dando um passo atrás nessa crítica, a Universal Pictures já reinou em filmes de terror, pois é detentora dos direitos da maioria das criaturas chave na literatura: Frankenstein, Lobisomem, Drácula, etc. E apesar de já ter feito filmes sobre todos eles, agora ela inicia um braço de produção chamado Dark Universe que vai se tornar uma franquia, onde todos os filmes serão conectados, com o vínculo justamente sendo essa agência de defesa do mal.

Voltando ao filme, que se coloca como o primeiro da franquia, o diretor Alex Kurtzman (um dos produtores mais queridinhos de Hollywood que agora estréia na direção) fez a escolha certa trocando o terror por um nível de ação com vastos toques de humor (alguns ótimos, como na cena em que Nick e Jenny falam sobre um incidente com o paraquedas) para um público mais comercial, isto é, com mais oportunidade de arrecadação de dinheiro.

O problema, talvez o segundo maior do filme, é que ele não soube fazer isso muito bem. A ação, o terror e a comédia não conseguem se misturar direito, ficando uma espécie de água e óleo, o que faz com que a narrativa constantemente mude de tom, certamente desagradando quem quer o mínimo de consistência. E olha que Tom Cruise tem um bom timing cômico, mas ele sendo ele, há várias restrições onde o roteiro sempre trilha o politicamente correto, enfraquecendo a própria trama. Tanto que o pouco que a gente vê de Dr. Jeckyll e sua agência parece mais atraente do que a história principal.

Eis que chegamos no desfecho e é onde também se encontra a maior fraqueza: o roteiro enlouquece. Toda a lógica que foi construída sobre a maldição vai por água abaixo e ninguém se entende no roteiro só pra – provavelmente – fazer a vontade de Tom Cruise como o herói da garotada.

A Múmia” tem ação e humor, ótimos efeitos especiais, vai por um bom caminho narrativo, mas peca na direção e num desfecho medíocre. Mas está longe de ser uma decepção. Agora, se você quer o melhor filme de ação sobre múmias, pegue nosso grande amigo Brendan Fraser em “A Múmia” de 1999 e divirta-se!

Curiosidades:
– Acabei de falar sobre “A Múmia” de 1999 com Brendan Fraser (que deve estar rindo pelas paredes por estar sendo considerado pela crítica como bem melhor do que Tom Cruise no novo “A Múmia”) e dirigido por Stephen Summers, certo? Pois bem, a notícia ótima é que o novo “A Múmia” reconhece o anterior! Na cena em que Tom Cruise entra na agência e olha para seus vários itens, há um momento em que se dá um close num certo livro. Esse é o livro da morte ou O Livro de Amum-Ra, a relíquia principal que Brendan Fraser teve que pegar no filme antecessor. E é exatamente tirado de lá!
– A cena do avião foi filmada em 2 dias e 60 takes num avião em queda livre e todos que participaram vomitaram menos Cruise e Wallis, os quais se sentiram orgulhosos por isso.
– O slogan do filme “Bem vindo a um mundo novo de deuses e monstros” foi uma homenagem a citação idêntica do clássico “A Noiva de Frankesntein” de 1935.
– A múmia é uma mulher porque quando lançaram “X-Men: Apocalipse”, viram que o vilão era muito parecido com a primeira concepção de arte da múmia e acabaram mudando tudo.
– O primeiro filme da franquia Dark Universe da Universal era pra ter sido “Drácula: A História Nunca Contada”, inclusive pelo fato de que este termina nos dias atuais. Mas como os roteiristas ainda não tinham terminado de escrever como se dariam todas as conexões entre os filmes, decidiram que esse deveria ter uma vida própria, mesmo caso tenha continuação.

Ficha Técnica

Elenco:
Tom Cruise
Russell Crowe
Annabelle Wallis
Sofia Boutella
Jake Johnson
Courtney B. Vance
Marwan Kenzari

Direção:
Alex Kurtzman

Produção:
Sarah Bradshaw
Sean Daniel
Alex Kurtzman
Chris Morgan

Fotografia:
Ben Seresin

Trilha Sonora:
Brian Tyler

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