Alvo Duplo (“Bullet to the Head”)

Não dá pra descrever sem falar um palavrão: Stallone é foda! Não é qualquer um que pode com a sua presença apenas, transformar um filme que poderia estar destinado a sumir nas locadoras ou num banco de torrents obscuro, em um programa de cinema. Fosse outro astro de ação dos anos 80 como Dolph Lundgren ou Jean-Claude Van Damme o pretenso futuro DVD nem veria a luz do dia.

Não que o filme seja ótimo. Pelo contrário. Só que Stallone repetiu a proeza que fez em “Os Mercenários” numa escala menor. Se lá, com toda a liberdade de criação, ele criou uma paródia do estereótipo de seu personagem “Rambo”, aqui ele parodia seu outro estereótipo, o de justiceiro que quebra as leis para matar quem ele acha que não presta, como em “Stallone Cobra”.

A trama é tão datada que dá pra sentir o cheiro de mofo: James (Stallone) é um assassino de aluguel que cai numa armadilha e vê seu parceiro ser morto. Então ele se junta a um policial oriental um tanto desastrado e ingênuo (Sung Kang de “Ninja Assassino”) para acabar com a máfia responsável. Se alguém pensou em dupla que não se dá bem o filme inteiro, mas sempre defende um ao outro, acertou. Isso, aquele clichê que já tem teias de aranha e foi reimaginado no início da década de 80 no filme “48 Horas” com Nick Nolte e o ainda novato Eddie Murphy e dirigido por Walter Hill. E não é coincidência que é exatamente Hill o diretor de “Alvo Duplo”. Ele inclusive dirige o roteiro como se estivesse há 30 anos atrás (há de se notar que ele não dirige um filme há 10 anos) com edições desnecessárias sempre com um certo brilho opaco na transição de cenas que cansa o espectador.

O elenco parece ter sido retirado da Oficina de Atores de Malhação ou do fundo do baú de atores de Hollywood destinados a produções para ninguém ver. Só assim se explica o amadorismo de praticamente todos eles, resultando apenas em caricaturas mal feitas do gênero. Até o decadente Christian Slater (“De Volta ao Terror”) e o “Conan” falido Jason Momoa ressurgem das cinzas pra fazer vexame.

Mas daí vem Stallone. E ele está imbatível. Ele consegue desconstruir seu próprio personagem em tiradas sensacionais e um timing cômico irretocável, principalmente para um ator com tantas limitações. Acaba sendo o showman durante toda a projeção, justamente pelo cinismo com que ele profere os mais engraçados impropérios. “O que você acha que somos, vikings?” – Stallone praticamente brincando com o “Conan” de Momoa no duelo final é apenas uma das tantas piadas hilárias que ele propaga. E ainda tira sarro de seus fracassos: os nomes de seu personagem e de alguns outros coadjuvantes (como sua filha Lisa) foram retirados de seu antigo desastre de bilheteria “Mamãe Não Quer que eu Case”.

Ajuda muito o fato do diretor não ter poupado cenas de violência explicita que resulta em ótimas cenas de ação e muito sangue, típico das boas produções de outrora, mas com os ótimos efeitos especiais de agora. “Alvo Duplo” tem em Sylvester Stallone o criador de um paradoxo: é uma obra longe de ser boa, mas ao mesmo tempo imperdível, principalmente para seus os fãs.

Ficha Técnica

Elenco:
Sylvester Stallone
Sung Kang
Sarah Shahi
Adewale Akinnuoye-Agbaje
Jason Momoa
Christian Slater
Jon Seda
Holt McCallany
Brian Van Holt
Weronika Rosati
Dane Rhodes
Marcus Lyle Brown

Direção:
Walter Hill

Produção:
Alfred Gough
Alexandra Milchan
Miles Millar
Joel Silver
Kevin King Templeton

Fotografia:
Lloyd Ahern II

Trilha Sonora:
Steve Mazzaro

DIREÇÃO

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