Briga de Gato (“Catfight”)

Essa comédia de humor negro independente é tão estranha que é deliciosamente boa. Pode até ser chamada de guilty pleasure ou prazer culpado.

As sumidas Sandra Oh de “Reencontrando a Felicidade” e Anne Heche de “Jogo Duro” são respectivamente Veronica e Ashley, duas mulheres igualmente arrogantes, só que a primeira é uma esposa de milionário e a segunda uma artista pé rapada. Elas foram amigas de infância, mas se distanciaram e desprezam os valores uma da outra.

Quando se encontram numa festa, caem na porrada, Veronica entra em coma e, dois anos depois, acorda em papéis invertidos: ela sem um tostão, pois perdeu tudo e Aslhey fez fortuna com seus quadros. A rivalidade das duas só vai aumentar.

O filme é uma grande crítica à guerra do Iraque, a qual é atacada diretamente por um programa de TV que passa várias vezes durante a projeção e indiretamente pelo próprio contexto das personagens: a “guerra” entre elas não tem um motivo concreto, mas se retroalimenta da idéia que elas tem delas mesmas e de seus valores. Não é a toa que as atrizes tem etnias diferentes. Aliás, elas estão excelentes em seus personagens mostrando competência pra encarar esse estranho desafio de fazer rir e pensar ao mesmo tempo e não necessariamente nessa ordem.

Quem não se ligar, pode perder boas analogias. Ainda fica uma comédia propositalmente de absurdos, sendo facilmente identificada pela trilha sonora que o próprio diretor independente Onur Tukel escolheu dentre sinfonias famosas que inevitavelmente lembra aquele desenho do Pica-pau onde ele é um barbeiro e faz loucuras com o cliente ao som de “Barbeiro de Sevilha”. Também fica nítido o exagero tanto na sonoplastia quanto na coreografia das brigas, como se fosse uma encenação de teatro.

Essa dualidade entre o pastelão e a crítica social com alguns pedaços dramáticos importantes pode dividir opiniões, mas não deixa de ser interessante, peculiar, curioso e, porque não dizer, pitoresco. “Briga de Gato” é uma comédia na medida para o cinéfilo que deve ver nem que seja pra falar mal depois.

Curiosidades:

– A contracapa da revista que Veronica aparece é a propaganda do filme anterior do diretor.
– O cartaz é um screenshot do filme onde parte do sangue do rosto das atrizes foi removido digitalmente. Veja como fica a comparação do cartaz para a cena real:

Ficha Técnica

Elenco:
Sandra Oh
Anne Heche
Alicia Silverstone
Amy Hill
Ariel Kavoussi
Myra Lucretia Taylor
Damian Young
Stephen Gevedon
Giullian Yao Gioiello
Tituss Burgess
Jay O. Sanders
Peter Jacobson
Catherine Curtin
Eva Dorrepaal

Direção:
Onur Tukel

Produção:
Gigi Graff
Greg Newman

Fotografia:
Zoe White

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