Esqueçam bobagens como “Crepúsculo”. A saga definitiva do que é ser vampiro na literatura contemporânea veio pelas mãos de Anne Rice com seu perfeito “Entrevista com o Vampiro” e os livros que se seguiram até então (foram mais de dez). E somente o diretor Neil Jordan conseguiu captar a essência da história com seu filme homônimo em 1994.
Então é com grande alegria saber que ele volta ao mundo vampiresco, agora num roteiro baseado numa peça de teatro que, talvez não por coincidência, tem muitas das as características do universo de Anne Rice e poderia ser muito bem um spin-off deste. Gemma Arterton de “Aposta Máxima” e Saoirse Ronan de “A Hospedeira” são respectivamente Clara e Eleanor, duas vampiras (o filme deixa logo claro isso no início) que se fazem passar por mãe e filha – ou pelo menos guardiã legal e tutelada – que vão se mudando constantemente para evitar que um grupo de vampiros mais velhos liderados por Darvell (Sam Riley de “Na Estrada”) as achem por motivos que serão revelados no decorrer da trama. Então em retrospecto, enquanto elas se escondem no hotel que dá nome ao filme, a narrativa mostra a origem das duas personagens, a formação de seu caráter e a evolução de relacionamento.
Talvez a grande diferença deste universo pro tradicional (seguido inclusive pela autora Anne Rice) é que aqui os vampiros (que nunca recebem exatamente esse nome) são mais próximo dos humanos: saem de dia, não tem uma força sobrehumana, apesar de serem claramente mais fortes, além de ser impreciso a questão dos dentes que aparece em alguns, porém em outros o furo é feito pela unha mesmo. E o diretor consegue incorporar essas diferenças de maneira elegante sem causar impacto no espectador.
A linha narrativa é extremamente eficiente em revelar gradativamente a origem dos personagens sem entregar tudo de uma vez. E mais uma vez nos filmes de Jordan, a cenografia e fotografia (mérito de Sean Bobbitt de “O Lugar Onde Tudo Termina“) consegue captar perfeitamente o ambiente decadente que se reflete principalmente na personagem de Clara, enquanto Eleonor fica como seu contraponto, como uma jovem angustiada de estar presente, mas não pertencer ao mundo normal. Além disso, explora muito bem a relação das nossas anti-heroínas sobrenaturais com o meio e os humanos que as cercam estabelecendo não só o caráter de cada personagem como definindo seu próprio universo.
“Byzantium” é uma ótima e diferente história de vampiros que foge de clichês juvenis sem perder o charme para atrair todos os públicos.
Ficha Técnica
Elenco:
Saoirse Ronan
Gemma Arterton
Sam Riley
Jonny Lee Miller
Tom Hollander
Barry Cassin
David Heap
Warren Brown
Daniel Mays
Ruby Snape
Thure Lindhardt
Jenny Kavanagh
Glenn Doherty
Edyta Budnik
Gabriela Marcinková
Caleb Landry Jones
Uri Gavriel
Direção:
Neil Jordan
Produção:
Sam Englebardt
William D. Johnson
Elizabeth Karlsen
Alan Moloney
Stephen Woolley
Fotografia:
Sean Bobbitt
Trilha Sonora:
Javier Navarrete
