Corrente do Mal (“It Follows”)

https://www.youtube.com/watch?v=bsVU-P5jZCU

Um dos filmes mais diferentes de terror dos últimos anos. Primeiro que se passa numa realidade atemporal: apesar de tudo parecer como um bairro do subúrbio americano comum, vemos carros dos anos 70 e 80, aparelhagens obsoletas (máquinas de escrever, etc) convivendo com celulares e até tablets impossíveis, como um estojo de maquiagem que também serve como leitor de livros eletrônicos. Nesse ambiente, a jovem Jay (Maika Monroe) arranja um namoradinho e contrai uma maldição após o ato sexual. A maldição consiste em uma entidade que a persegue assumindo diversas formas. Só que a característica mais marcante desta força desconhecida é que ela anda (por isso o título em inglês que traduzido fica “Isso segue”). Mas anda de forma implacável e sem que ninguém possa detê-la. E essa invencibilidade é que provoca um imenso desgaste físico e psicológico em suas vítimas. A maldição só pode ser passada através do sexo com outra pessoa.

Além de promover momentos realmente horripilantes, fica no ar se Jay conseguirá se livrar da criatura, se sobreviverá, ou se terá que transar com outro para passar a maldição. A natureza enigmática da entidade – que não é espírito, troll, alien ou afim – por si só já chama atenção e é um diferencial. O clichê de terror onde o sexo vai causar uma óbvia morte toma uma roupagem original. Além disso, percebemos aos poucos a relação que a criatura tem com o psicológico das suas vítimas ao encarnar entes queridos quando está prestes a atacar (alguns momentos incluem até um certo complexo de Édipo).

E o diretor David Robert Mitchell consegue explorar praticamente todas as situações que podem envolver a tal maldição, chegando a levar o espectador ao desespero quando parece constatar que não há maneira de sair vivo dessa. Ele leva o enigma inexplicável desde um início sensacional onde vemos uma garota aparentemente fugindo do nada num plano aberto, até um desfecho emblemático que, apesar de dividir opiniões (até acho que algumas pessoas não sairão satisfeitas) é uma completa fuga do lugar comum dos filmes do gênero.

Corrente do Mal” é um banho de originalidade no gênero tão batido que consegue ao mesmo tempo fechar um arco de história e deixar a porta aberta para uma continuação.

Curiosidade:

E sobre seu final. Muita gente não entendeu exatamente o que aconteceu, mas aparentemente há dois caminhos diferentes que o diretor pode ter seguido. Passe o mouse para saber quais são abaixo, pois contém SPOILERS:

Final 1: Jay transou com os desconhecidos caras do barco, passando a maldição e então transou com seu melhor amigo apenas para fazê-lo pensar que está fazendo isso para ajudá-la, mas na verdade descobriu que ele realmente é quem se importa com ela. Daí eles ficaram juntos e o cara que fica andando atrás deles ao final pode ser apenas uma coincidência.

Final 2 (o que seria o mais interessante): Jay não transou com os caras do barco, mas sim com seu melhor amigo. Ele por sua vez não transou com nenhuma prostituta. Ocorre que eles chegaram num ponto onde eles se acostumam com a maldição e já tem saídas prontas para poder sempre escapar quando a entidade está por perto, aproveitando de a) a velocidade lenta da criatura e b) o fato de que agora os dois podem vê-la, tornando-se além de um casal, dois aliados.

Ficha Técnica

Elenco:
Maika Monroe
Lili Sepe
Keir Gilchrist
Loren Bass
Olivia Luccardi
Jake Weary
Daniel Zovatto

Direção:
David Robert Mitchell

Produção:
Rebecca Green
David Kaplan
Erik Rommesmo
Laura D. Smith

Fotografia:
Mike Gioulakis

Trilha Sonora:
Rich Vreeland

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