Creed: Nascido para Lutar (“Creed”)

Não tem jeito: a carreira de Sylvester Stallone se confunde com a de seu personagem e quase alter ego Rocky Balboa. E apesar do próximo passo de Rocky ser relativamente óbvio – passar de lutador a treinador – este novo capitulo honra a história do mais famoso lutador do cinema e ainda dá um algo mais.

Essa podia ser a passagem de bastão de Rocky para Adonis Creed, filho de Apollo Creed (ou Apollo Doutrinador como foi chamado no Brasil), mas a presença de Rocky é tão intensa que facilmente podemos chamar o filme de “Rocky 7”.

Adonis – que também é um nome de Deus grego tal qual Apollo – é o filho bastardo do lutador e ainda criança foi descoberto pela esposa de Apollo que o cria até que sua fome de lutar já adulto (na pele de Michael B. Jordan de “Quarteto Fantástico”) faz com que ele procure Rocky para treiná-lo. Relutante no início (tal qual Stallone para encarnar pela sétima vez seu personagem ícone), Rocky acaba aceitando o desafio, mas tem que lutar contra a própria natureza que o coloca de frente com a morte.

O roteiro (primeiro da série a não ser escrito por Stallone) não apresenta nada de novo: Creed querendo provar a si mesmo, seu interesse amoroso podendo desviar sua atenção do seu objetivo, Rocky já cansado e doente, um oponente desrespeitoso e feito para que o espectador sinta raiva mesmo. E é aí que entra a arte do diretor Ryan Coogler em sua primeira superprodução depois do independente “A Últimas Parada” de 2013 também com Michael B. Jordan. Ele transforma o arroz com feijão num drama carregado de sentimento sem jamais se tornar piegas ou um mero dramalhão. É como se ele percorresse todos os lugares comuns do gênero, mas enfeitando-os por onde passa. Dá o sangue novo de Jordan, mas é Stallone quem brilha: seu jeito tímido unido com a idade avançada faz com que obtenha um eterno respeito tanto pelo que foi quanto pelo que é. E essa presença, unida a forte história e a química com Creed faz até a luta final ser um elemento menos importante.

Entretanto, as lutas no geral foram extremamente bem coreografadas. E de tal forma que a câmera parece ficar posicionada entre os lutadores num close excepcional com golpes que parecem literalmente acertar em cheio nos personagens.

Destaque para a trilha de Ludwig Göransson (“Família do Bagulho”) que segue o caminho inverso da passagem de bastão: começa com algo novo, reinventa batidas eletrônicas para apontar ao interesse amoroso de Adonis e somente depois insere o famosíssimo tema de Rocky de forma sutil para explodir no terceiro ato.

Com talvez o desfecho que melhor representa e evoca a saga de Rocky, Creed é Rocky e Rocky é Creed, numa relação de pai e filho que vai cativar antigos e novos fãs. Que venha o filho do Drago na continuação!

Curiosidades:

– No lançamento deste filme, Sylvester Stallone estava com a idade que o ator que interpretava seu treinador Mickey estava no primeiro Rocky em 1976.
– A foto em que Rocky mostra de seu filho na verdade é seu filho na vida real mesmo, Sage Stallone.
– Foram filmados dois finais: um em que Creed ganha a luta e outro em que ele perde.

Ficha Técnica

Elenco:
Michael B. Jordan
Sylvester Stallone
Tessa Thompson
Phylicia Rashad
Andre Ward
Tony Bellew
Ritchie Coster
Jacob ‘Stitch’ Duran
Graham McTavish
Malik Bazille

Direção:
Ryan Coogler

Produção:
Robert Chartoff
William Chartoff
Sylvester Stallone
Kevin King Templeton
Charles Winkler
David Winkler
Irwin Winkler

Fotografia:
Maryse Alberti

Trilha Sonora:
Ludwig Göransson

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