Demônio de Neon (“The Neon Demon”)

O diretor Nicolas Winding Refn que alçou sucesso com o sensacional “Drive” e baixou a barra de qualidade com o ainda bom “Apenas Deus Perdoa” se mostra seduzido com a sua própria imagem nesta produção com muita estética e pouco conteúdo. Tanto que nos créditos iniciais há até uma logomarca com suas iniciais que pode sim ter a ver com o tema do mundo da moda, mas denota mais seu próprio egocentrismo.

Elle Fanning (“O Estranho que Nós Amamos”) é Jesse, uma inocente garota que vai tentar a vida na cidade grande no mundo da moda e acaba encantando a todos com uma atração quase sobrenatural e desperta a inveja nas concorrentes mais próximas que podem fazer o impensável para ter o mesmo carisma de Jesse.

A trama é arrastada e o fato das “paradas” estéticas atrasarem ainda mais o ritmo, não ajuda. O espectador vai entender rápido a idéia que o filme tenta passar, mas terá que esperar a condução prolixa chegar onde o público já chegou faz tempo.

Outro ponto de desagrado é a própria caracterização da protagonista: em algum momento ela dá uma guinada inexplicável de personalidade, sem que haja qualquer elemento narrativo para tal. Em menor grau isso também se reflete nas coadjuvantes que tem perfis mais coerentes com o contexto, mas que no último ato também dispersam numa névoa de topor que pode ser compreensível, mas insatisfatório.

Essa palavra também descreve o desfecho que tem um interessante simbolismo, mas soa incompleto, além de esquecer vários personagens pelo caminho.

Demônio de Neon” parece ter sido uma ferramenta para alimentar o ego estilístico do próprio diretor que achou que sairia ileso mesmo que não contasse uma boa história. Como se tivesse sido feito por ele e apenas para ele.

Curiosidades:

– Filmado em ordem cronológica.
– Apesar de ter sido feito com muitos tons de coloração nos ambientes e cenários, o diretor é daltônico.
– Nicolas Winding Refn mandou o script errado por engano para que sua diretora de fotografia lesse e ela quase pediu demissão dizendo que não trabalharia com um roteiro tão ruim. Só depois ele notou o erro.
– Há uma cena onde Elle Fanning ficou tanto tempo de olhos abertos que a sua lente de contato derreteu e pregou em seus olhos pela forte iluminação e teve que ser socorrida por um oftalmologista.
– A mansão da cena final é a mesma da cena final de “Pânico 3”.
– Abbey Lee (“A Torre Negra”), a Gigi do filme, já foi top model e prestou também consultoria sob todos os aspectos do mundo da moda tanto para o diretor quanto para o elenco.
– A cena do batom é uma referência a “O Iluminado” e a cena da banheira e do chuveiro é uma referência as “Carie – A Estranha”.
Quando um estilista faz um discurso no restaurante sobre ser ator, esse monólogo é da peça de William Shakespeare, Henrique V.
– O soco que a personagem de Abbey Lee dá na protagonista foi real. Foi sem querer, mas a reação de Elle Fanning foi tão real (claro) que o diretor deixou essa tomada no filme.

Ficha Técnica

Elenco:
Elle Fanning
Karl Glusman
Jena Malone
Bella Heathcote
Abbey Lee
Desmond Harrington
Christina Hendricks
Keanu Reeves
Charles Baker
Jamie Clayton
Stacey Danger
Rebecca Dayan
Alessandro Nivola

Direção:
Nicolas Winding Refn

Produção:
Lene Børglum
Sidonie Dumas
Kim Leona
Vincent Maraval

Fotografia:
Natasha Braier

Trilha Sonora:
Cliff Martinez

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