Se alguém ainda duvidava do enorme talento e carisma – sem contar a beleza – da atriz adolescente Millie Bobby Brown revelada na série “Stranger Things” e vista no cinema ano passado em “Godzilla II”, Enola Holmes veio para tirar essa dúvida. Ela carrega um filme que conta com dois atores de peso: ninguém menos que o Superman Henry Cavill e Sam Claflin de “Vidas à Deriva”.
Brown que protagoniza e produz o filme (a mais jovem produtora a levar esse título em Hollywood) partiu da fantástica premissa de Nancy Springer afirma o poder feminino dando uma brilhante irmã caçula na família do famoso detetive Sherlock Holmes (Cavill) e seu irmão mais velho, o seco Mycroft Holmes (Claflin). Quando a mãe deles subitamente desaparece, é Enola que sai em busca, visto que Mycroft aproveita a oportunidade para leva-la para um reformatório, enquanto Sherlock tenta discretamente resolver o mistério. Em sua fuga, Enola ainda se depara com outro mistério: alguém quer assassinar um jovem lorde que vai se tornar o interesse amoroso da nossa heroína.
A trama em si – ou melhor, as tramas – são bem bestinhas com um desenvolvimento e conclusão mornos. O que o diretor Harry Bradbeer, da aclamada série “Fleabag” faz e usar uma narrativa dinâmica e intensa, abusando da quebra do quarto muro pela protagonista que funciona como impulsionador de ritmo e também deixa a narrativa leve, pois com Enola falando com o público, entende-se que o perigo é menor e ainda chancela o filme como “para toda a família”.
Tem efeitos especiais decentes, reconstituição de época e design de produção muito bem feito e a ótima trilha sonora aventuresca de Daniel Pemberton de “Órfãos de Brooklin”.
“Enola Holmes” poderia ser bem mais inteligente e profundo, mas se contentou em ser uma Sessão da Tarde com o peso de ouro da sensacional Millie Bobby Brown que tira o filme do mediano. Vale a pena.
Curiosidades:
– Apesar de Sherlock ser mais novo que Mycroft no filme, Cavill que interpreta Sherlock é 3 anos mais velho que Caflin (Mycroft).
– Há uma cena em que Enola e sua mãe aparecem cuidando de abelhas. Nos livros originais de Sherlock Holmes por Arthur Conan Doyle, essa é a atividade do detetive depois que ele se aposenta.
– Nos livros originais nunca houve referência de uma irmã de Sherlock. Porém também nunca houve referência de um irmão até num dos livros de Doyle onde Mycroft é introduzido.
– Por duas vezes Enola oferece 5 libras a um empregado para trocar de roupas e se disfarçar de empregada. 5 libras em moeda atualizada seria como se ela oferecesse 350 libras em 2020, o que significaria metade do ano de salário de um serviçal.
– De acordo com o jornal no filme, a história se passa em 1884. Nos livros originais de Doyle Sherlock conhece Watson em 1882. Os livros de Nancy Springer não tem obrigação de seguir a mesma cronologia do original, mas também pode se subentender que pode ter acontecido algo que fez Holmes trabalhar sozinho por um período, visto que o próprio Inspetor Lestrade faz questão de afirmar no filme que Holmes só trabalha sozinho.
– O tio do lorde ameaçado de morte disse que lutou na Guerra Anglo-Afegã. Foi a mesma que Watson lutou, machucou sua perna e estava em repouso quando conhece Holmes em 1882 nos livros de Doyle.
– A votação que se passa no final do filme aconteceu de verdade, mas ao invés de ter sido ganha por um voto, na realidade foi feito um acordo entre as partes e foi amplamente aceita.
– Segundo filme que Helena Bonham Carter interpreta uma sufragista. O primeiro foi em “As Sufragistas” que é baseado numa história real e se passa na mesma época que Enola Holmes.
Ficha Técnica
Elenco:
Millie Bobby Brown
Henry Cavill
Sam Claflin
Helena Bonham Carter
Louis Partridge
Burn Gorman
Adeel Akhtar
Susan Wokoma
Hattie Morahan
David Bamber
Frances de la Tour
Claire Rushbrook
Fiona Shaw
Gaby French
Paul Copley
Direção:
Harry Bradbeer
Produção:
Millie Bobby Brown
Paige Brown
Alex Garcia
Ali Mendes
Mary Parent
Fotografia:
Giles Nuttgens
Trilha Sonora:
Daniel Pemberton
