Eu, Deus e Bin Laden (“Army of One”)

A gente percebe que um ator já passou do seu auge há muito tempo quando ele faz mais sucesso com memes do que com sua profissão. E Nicolas Cage (“Cães Selvagens”) declaradamente se voltou aos filmes B sem o mínimo de critério. Só que dessa vez ele atingiu um patamar de canastrice tão grande, que ver essa comédia inspirada em fatos reais não deixa de ser aquilo que os americanos chamam de guilty pleasure, traduzindo, um prazer que traz culpa por saber que estamos nos divertindo com algo de baixa qualidade.

Cage é Gary Faulkner, um cara já de meia idade sem eira nem beira que, apesar de ser do bem, é uma matraca, hiper patriota e por muitas vezes inconveniente. Pra piorar, ele tem uma alucinação onde Deus aparece (e aqui Deus é Russell Brand de “Rock of Ages”) e o ordena a ir ao Paquistão matar o próprio Osama Bin Laden (claro que o filme se passa antes da sua morte oficial).

O diretor Larry Charles é especialista em fazer comédias de baixo orçamento, inclusive é parceiro do comediante Sacha Baron Cohen e com ele fez dois filmaços: “Borat” e “O Ditador”. Só que nessa produção ele parece ter tentado dar um passo além e fazer um filme A com um budget para um filme B. Não funcionou muito bem, reduzindo-o a um resultado comum de quem faz essa tentativa: um produto que claramente não soube usar bem os poucos recursos, parecendo algo da década de 90 que saía direto em VHS.

Nicolas Cage também não ajuda, ou melhor, talvez ajude demais: seu Gary é cheio de maneirismos, histriônico e fala alto demais e passa diretamente a inconveniência de sua presença, o que pode dividir opiniões, pois ele – Gary e, portanto Cage – é chato, mas engraçado, não necessariamente nessa mesma produção e, ao mesmo tempo, é quem carrega o filme nas costas, mesmo que talvez pelos motivos errados. Uma das melhores cenas é quando ele delira achando que vão fazer um filme sobre ele e escolhe qual ator gostaria que o interpretasse. É até interessante comparar Cage com o verdadeiro Gary que aparece em entrevista durante os créditos finais.

Eu, Deus e Bin Laden” é repetitivo de baixa qualidade, mas há um indiscutível charme e graça em alguns momentos que quase faz o espectador esquecer que é dispensável. Quase.

Ficha Técnica

Elenco:
Nicolas Cage
Russell Brand
Wendi McLendon-Covey
Amer Chadha-Patel
Paul Scheer
Will Sasso
Chenoa Morison
Denis O’Hare
Rainn Wilson

Direção:
Larry Charles

Produção:
Emile Gladstone
Julie Goldstein
Jeremy Steckler
James D. Stern

Fotografia:
Anthony Hardwick

Trilha Sonora:
David Newman

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