Êxodo: Deuses e Reis (“Exodus: Gods and Kings”)

Ridley Scott está cada vez mais burocrático em seus filmes, o que não o impede de fazer uma obra um pouco acima da média de vez em quando e sempre uma super produção. Depois do seu fraco “O Conselheiro do Crime”, ele volta ao terreno que lhe rendeu prêmios com “Gladiador”: os épicos.

Recontando a passagem bíblica que fala sobre o êxodo dos hebreus, saindo do Egito e buscando a terra prometida, o diretor toma algumas (muitas) liberdades poéticas, remontando a época em que Moisés (Christian Bale “Tudo por Justiça”) é o conselheiro e melhor amigo de Ramsés (Joel Edgerton de “A Estranha Vida de Timothy Green”, irreconhecível) até que este último descobre que Moisés descende dos hebreus e resolve baní-lo. Anos depois, Moisés tem uma visão divina e decide então salvar o povo hebreu da escravidão o que vai desencadear a fúria de Ramsés e a ira dos deuses contra o povo egípcio.

Com os personagens centrais muito bem desenhados e desenvolvidos, grande parte do mérito está na atuação de Bale e Edgerton (este ainda mais complexo, pois tem o dilema da amizade de Moisés, apesar de ser claramente um ditador sanguinário), apesar de Scott ter praticamente esquecido de desenvolver os coadjuvantes.

Os aspectos técnicos são cada vez mais irretocáveis com grandes batalhas digitais que parecem pura realidade e um 3D orgânico que, se não ajuda tanto, com certeza não atrapalha. A fotografia de Dariusz Wolski (também de “O Conselheiro do Crime”) foge do lugar comum, pintando as batalhas em tons de cinza e sendo consistente no desenho das cidades. O destaque vai para a trilha sonora de Alberto Iglesias (“Os Amantes Passageiros”) que consegue se incorporar totalmente na narrativa sem ser apelativa demais e sabendo aproveitar tanto os momentos mais intimistas, quanto os mais épicos.

De toda forma, o público em geral deve se incomodar um pouco com os longos 150 minutos, principalmente pelo fato que boa parte deles envolvem mais diálogos (alguns desnecessários) do que ação, o que não enfraquece a narrativa, mas acaba como um efeito colateral indesejável.

Êxodo: Deuses e Reis” é engessado como se saído da manufatura de Hollywood, entretanto muito bem feito com tudo do bom e do melhor para que seja uma experiência minimamente agradável. E consegue.

Curiosidade: Um erro de continuidade que detectei é quando o povo invadem um armazém sendo perseguidos por uma nuvem de gafanhotos e, quando saem não há mais nenhum gafanhoto à vista.

Ficha Técnica

Elenco:
Christian Bale
Joel Edgerton
John Turturro
Aaron Paul
Ben Mendelsohn
María Valverde
Sigourney Weaver
Ben Kingsley
Hiam Abbass
Isaac Andrews
Ewen Bremner
Indira Varma
Golshifteh Farahani
Ghassan Massoud
Tara Fitzgerald

Direção:
Ridley Scott

Produção:
Peter Chernin
Mark Huffam
Ridley Scott
Jenno Topping

Fotografia:
Dariusz Wolski

Trilha Sonora:
Alberto Iglesias

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