O drama de uma família que, alguns anos após a perda da mãe Isabelle (Isabelle Huppert de “Elle”), se vê às voltas com um artigo a ser publicado que revelará que ela se suicidou jogando seu carro contra um caminhão. Mais que isso: devem se confrontar com seus próprios dramas pessoais: o pai, Gene (Gabriel Byrne de “Hereditário”) não se comunica mais com o filho mais novo Conrad (Devin Druid de “Imperium – Resistência Para Matar”) que por sua vez é o deslocado da escola, enquanto seu irmão mais velho Jonah (Jesse Eisenberg de “Café Society”) está dividido entre sua esposa e sua antiga paixão, enquanto descobre memórias sobre sua falecida mãe que ainda não sabia.
A produção usa flashbacks para juntar as peças de um quebra cabeças sobre os motivos do suicídio que mais ilustram do que explicam. Só que isso tem um efeito positivo, pois no terceiro ato as idas e vindas levam a uma belíssima narrativa em off que explica como a ausência de uma pessoa em vida pode leva-la a continuar sendo amada, mas desnecessária na prática e como essas pessoas podem se sentir em relação a isso. Ponto importante para explicar a sinopse: Isabelle era jornalista de guerra e ficava fora de casa grande parte do tempo cobrindo conflitos no mundo, principalmente no Oriente Médio.
O roteiro também faz uma analogia aos soldados que, tal como os jornalistas, só se sentem vivos de verdade no meio da ação e como a vida normal pode afetá-los, mesmo com o amor da família.
Tecnicamente, o diretor exibe uma consistência de cortes sem falar explicitamente o que é presente, passado e até mesmo o que é a imaginação dos personagens ou sua leitura do que realmente aconteceu versus o ato em si. Algumas tomadas interessantes, por exemplo, são a que o Gene segue Conrad e que se repete cada uma na visão de um deles ou o próprio desfecho no carro onde Conrad imagina a sua mãe junto.
O elenco tem uma ótima química de família com destaque para Gabriel Byrne que mostra uma dualidade entre resiliência e fragilidade que só um ator com seu calibre poderia conciliar.
“Mais Forte que Bombas” resgata consistência nesse belo drama e mostra que nem toda família precisa ser necessariamente disfuncional para se contar uma história marcante.
Curiosidades:
– Há uma cena em que Jonah e Conrad vêem um programa onde seu pai Gene atuava quando mais jovem. Essa cena é verdadeira do filme Está Sobrando Uma Mulher onde Gabriel Byrne é o protagonista.
– O personagem de Jesse Eisenberg é um professor de sociologia. O pai de Jesse Eisenberg também.
– O nome do game que Conrad joga é Elder Scrolls.
– O filme foi lançado na Europa na época dos atentados em Paris. Para não causar polêmica, na França trocaram o título “Mais Forte que Bombas” por “De Volta Pra Casa”.
Ficha Técnica
Elenco:
Gabriel Byrne
Isabelle Huppert
Jesse Eisenberg
Devin Druid
Amy Ryan
Ruby Jerins
Megan Ketch
David Strathairn
Rachel Brosnahan
Russell Posner
Harry Ford
Direção:
Joachim Trier
Produção:
Joshua Astrachan
Albert Berger
Alexandre Mallet-Guy
Thomas Robsahm
Marc Turtletaub
Ron Yerxa
Fotografia:
Jakob Ihre
Trilha Sonora:
Ola Fløttum
