Missão Impossível – Protocolo Fantasma (“Mission: Impossible – Ghost Protocol”)

Quando uma seqüência deixa de lado a numeração e coloca um subtítulo, já seria um sinal de cansaço, coisa nada boa. Então a quantidade de desafios para seus realizadores é enorme: fazer um quarto filme numa série razoavelmente bem sucedida sem parecer uma cópia das outras, ter um resultado satisfatório com um diretor – Brad Bird – que até então só havia dirigido filmes de animação, ótimos por sinal, como “Ratatouille”; içar a popularidade de Tom Cruise meio abalada com seus últimos filmes “Encontro Explosivo”, “Operação Valquíria” e “Leões e Cordeiros”.

A notícia boa que praticamente todos esses objetivos são atingidos além das expectativas. Logo pela abertura, percebe-se que Bird abraçou o conceito de seriado com a trilha sonora padrão e flashes de várias cenas que se passam ao longo da projeção. Ethan Hunt (Cruise) escapa de uma prisão para deter um terrorista, até que após um atentado num Kremlin, ele vira o principal suspeito e deve, com sua equipe e sem ajuda nenhuma do governo, encontrar o verdadeiro responsável e detê-lo antes que ele comece uma guerra nuclear. Ou seja, nada além de um dia normal na vida do agente.

A produção e seus efeitos especiais são irretocáveis e de tirar o fôlego. O ritmo é muito bem conduzido pelo diretor e intercala momentos de suspense com ação ininterrupta sem quebra na narrativa. Mas isso já era esperado. A produção conta com diferenciais bem mais interessantes: apesar de cenas absurdas e ao contrário dos outros filmes da série ou até mesmo do gênero, o roteiro faz questão de machucar o protagonista (ok, para logo depois ele se levantar e sair correndo) e de colocar pequenos detalhes para que as ações nunca sejam 100% acuradas, fazendo o público acreditar que algo pode realmente dar muito errado. Não é só isso: o personagem interpretado por Jeremy Renner (“Atração Perigosa”), o agente Brandt, funciona como o próprio espectador que questiona constantemente os êxitos das operações quando Cruise explica o que vem a seguir como se fosse algo simplório de se conseguir. O que por sinal, não só transmite afinidade, como também é responsável pelos diálogos mais cômicos da trama. E além de serem genuinamente engraçados, esses momentos não neutralizam a seriedade do contexto.

É claro que as cenas inacreditáveis estão lá com todas as mentiras que são peculiares ao gênero, inclusive vale notar como cada soco parece ter a sonoridade saída de um game de luta como Street Fighter e só faltava ter os balões de onomatopéia “SOC!”, “PAF!” como na série Batman dos anos 60. Contudo, não atrapalha em momento algum a boa percepção do que está se passando na tela.

Agora o destaque vai para a trama que liga a parte anterior com “O Protocolo Fantasma” (lembrem que no fim da terceira parte ele casa com Julia, personagem de Michelle Monaghan de “Contra o Tempo”). Apesar de não ter um vínculo com a ação em si, é fundamental para estabelecer as relações entre os personagens e ainda guarda um saboroso desfecho. “Missão Impossível – Protocolo Fantasma” cumpre mesmo a missão quase impossível de ser um ótimo filme de ação que, ao mesmo tempo é original, mas que também se encaixa perfeitamente na série iniciada em 1996.

Ficha Técnica

Elenco:
Tom Cruise
Simon Pegg
Jeremy Renner
Paula Patton
Josh Holloway
Tom Wilkinson
Michelle Monaghan
Anil Kapoor
Miraj Grbic
Léa Seydoux
Michael Nyqvist

Direção:
Brad Bird

Produção:
J.J. Abrams
Tom Cruise
Bryan Burk

Fotografia:
Robert Elswit

Trilha Sonora:
Michael Giacchino

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