O Aviador (“The Aviator”, EUA, 2004)

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*Essa crítica é mais longa porque foi escrita anteriormente para outro veículo que tinha esse formato.

Martin Scorsese é o diretor mais injustiçado da história do Oscar. Ele já deveria ter ganhado a estatueta em pelo menos duas ocasiões: em 1976 por “Taxi Driver” e em 1980 por “Touro Indomável“, ambos com Robert de Niro. Em 2004 a academia quase consertou esse grande lapso premiando “O Aviador” que recebeu 11 indicações, incluindo as principais categorias. E este quase foi o problema, já que justamente este filme de Scorsese não mereceu ganhar o Oscar!

*Nota do Autor: não ganhou naquele ano, mas ganhou depois com “Os Infiltrados“.

Repetindo a parceria com Leonardo Di Caprio iniciada em “Gangues de Nova York“, o filme conta a história de Horward Hughes, magnata da aviação e produtor de filmes em Hollywood sempre acompanhado das mais belas celebridades da época, na década de 40 e que sofria de um transtorno obsessivo compulsivo e que acabou morrendo isolado em seu quarto com barbas e unhas imensas e totalmente sem higiene, devido à doença.

Apesar de ser o personagem perfeito para um filme, sua diversidade de atividades (namorador, aviador, produtor, obsessivo compulsivo) acaba deixando o filme um tanto sem foco. Percebe-se o primeiro ato mais dedicado à sua atividade de produtor e o terceiro ato mais dedicado à aviação, juntamente com o agravamento de sua doença. No segundo ato, entretanto, o filme tenta mostrar tudo ao mesmo tempo, deixando o expectador entediado.

Leonardo di Caprio, pela primeira vez tem uma atuação que vai além do garoto bonito que tenta ser ator. Infelizmente ele tem um problema estético: não tem jeito, ele continua parecendo um garoto, caso muito parecido com o que sofreu Ralph Macchio (“Karate Kid“). Porém, Di Caprio fez escolhas melhores e está visceral como Hughes, tomando a decisão acertada de fazer a doença se desenvolver gradativamente sem mudanças bruscas de comportamento. Só que Scorsese falha ao dar um tom abstrato à doença, principalmente no último ato, tirando toda a crueza real que deveria estar presente.

Já os personagens coadjuvantes têm uma interpretação apenas correta. Kate Beckinsale (“Temos Vagas“) como Ava Gardner está um tanto apática e Cate Blanchett (“Desaparecidas“) como Katherine Hepburn está bem caricatural. Seu glamour artificial ainda é reforçado pelo uso do efeito de soft focus. John C. Reilly (“Gangues de Nova York“) está sempre ótimo como o braço direito de Hughes, porém Alan Alda (“MASH“) recebe uma indicação injusta ao Oscar de melhor ator coadjuvante, interpretando o Senador Brewster, pois não teve presença suficiente na tela.

Com o prestígio que tem, Scorsese se dá ao luxo de ter pequenas participações em seu filme de atores como Jude Law (“Alfie“) como Errol Flynn, Alec Baldwin (“Os Infiltrados“) como Juan Trippe, presidente da Pan Am, Iam Holm (“Senhor dos Anéis“), Willen Dafoe (“Homem-Aranha“) e até mesmo da ex-vocalista do No Doubt, Gwen Stefani, entre outros.

Tecnicamente o filme é perfeito. Os esmeros tanto na criação dos efeitos digitais CGI, quanto na reconstituição da época nos transporta para o passado e é um colírio para os olhos. Como destaques temos a reprodução do filme Hell’s Angel com sua imensa premiére e o acidente sofrido por Hughes (na realidade ele sofreu 4 acidentes perigosos em sua vida) são espetaculares. Estranho não ter sido indicado para efeitos visuais, porém deve abocanhar a maioria dos Oscars’ das categorias técnicas para as quais fora indicado.

O Aviador” tem o mesmo nível de qualidade de “Gangues de Nova York” e deveria ter tido o mesmo tratamento caloroso, mas nem tanto. E talvez a expressão “mas nem tanto” resuma essa produção

Nota 7


Ficha Técnica

Elenco:
Leonardo DiCaprio
Cate Blanchett
Kate Beckinsale
John C. Reilly
Alec Baldwin
Alan Alda
Ian Holm
Danny Huston
Gwen Stefani
Jude Law
Matt Ross
Willem Dafoe

Direção:
Martin Scorsese

Produção:
Sandy Climan
Charles Evans Jr.
Graham King
Michael Mann

Fotografia:
Robert Richardson

Trilha Sonora:
Howard Shore

ELENCO

DIREÇÃO

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