Às vezes uma cena pode estragar quase todo um filme. É o caso dessa produção de terror onde Rupert Evans de “Pastoral Americana” é um arquivista que se muda com a esposa e filho para uma casa que mais tarde descobre que foi um local de um assassinato. Quando sua esposa é brutalmente assassinada, ele fica obcecado com uma suposta entidade que assombra a casa, o que pode leva-lo a loucura.
A cena problemática em questão é o assassinato por onde gira todo o mistério. Começa que a preparação da cena é muito rápida. Quando o espectador percebe, as engrenagens já estão em movimento para que a sequencia aconteça sem que haja uma construção de personagem ou dinâmica entre eles, o que dificulta a conexão ou afinidade.
Quando chega na dita cena, ela é tão mal conduzida que fica óbvio o que aconteceu. A partir daí todos os sustos – que são até muito bons considerando o baixo orçamento – não parecem ter muito sentido já que sabemos o que realmente houve. O diretor consegue instigar uma tensão, só que ela é puramente técnica e não narrativa, pois contamos com o fator de previsibilidade máxima.
O protagonista também não colabora e exagera nos maneirismos, inclusive minando qualquer possibilidade de reviravolta. Sim, acontece uma, mas quando já sabemos nem é mais reviravolta.
Ainda assim, o último ato é o melhor e tem um desfecho tão forte que quase salva a produção.
“O Canal” tinha potencial, mas não soube aproveitar uma cena chave. Tentou se reconstruir, mas ficou no quase. Até que pode ser uma opção para os fãs do gênero.
Curiosidade: Um dos recortes de jornal na parede do protagonista foi de um crime de verdade: o assassinato da atriz Sharon Tate pelo psicopata Charles Manson e seus seguidores em 1969.
Ficha Técnica
Elenco:
Rupert Evans
Antonia Campbell-Hughes
Hannah Hoekstra
Kelly Byrne
Steve Oram
Calum Heath
Anneke Blok
Paddy Curran
Carl Shaaban
Alicja Ayres
Nick Devlin
Serena Brabazon
Direção:
Ivan Kavanagh
Produção:
AnneMarie Naughton
Fotografia:
Piers McGrail
Albi Sheridan
Trilha Sonora:
Ceiri Torjussen
