O Destino de uma Nação (“Darkest Hour”)

Existem incontáveis filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. Entretanto alguns parecem dialogar tão bem entre si que foram uma espécie de multiverso cinematográfico sobre a grande guerra. Vide “O Discurso do Rei” onde o Rei George IV (Colin Firth) tinha que enfrentar sua gagueira, timidez e falta de autoridade para liderar a Inglaterra no início da Guerra. Eis que então, é escolhido neste “O Destino de Uma Nação”, o polêmico Winston Churchill como Primeiro Ministro e esperança de vitória na guerra. Tudo jogava contra ele até o brilhante movimento feito no resgate de Dunquerque, retratado – vejam só – no premiado filme de Christopher Nolan, “Dunkirk”. Poderíamos ir mais longe, mas vamos nos ater a esta produção que praticamente é um filme de um ator só.

Gary Oldman (“O Espaço Entre Nós”) brilha e vem arrebanhando prêmios atrás de prêmios por sua performance como Churchill que, muito mais que simplesmente copiar o personagem real, criou seus maneirismos próprios em cima da realidade e deu uma complexidade ímpar a essa figura ao mesmo tempo resoluto e frágil, implacável e vulnerável e, lutando com todos esses paradoxos, dá consistência ao seu desempenho para que suas atitudes não sejam meramente uma conveniência de roteiro, mas tenha um racional e emocional lógicos que sejam aderentes à inteligência do espectador.

É claro que o elenco todo está muito bem alinhado: apesar de pequenas participações, Kristin Scott Thomas (“Estranha Obsessão”) dá credibilidade à esposa de Churchill e Ben Mendelsohn (“Rogue One”) resgata o Rei George IV com destreza. E até Lily James (“Em Ritmo de Fuga”) tem a chance de se mostrar bem com um personagem meio que deslocado que é a secretária do protagonista. Ela funciona como uma espécie de alter ego distante do espectador.

O roteiro em si é simples na narrativa, mas eficiente com a direção de Joe Wright (“Peter Pan“) em mostrar as pressões internas e externas sofridas pelo Primeiro Ministro de todos os lados – lados estes que também nem sabiam o que exatamente queriam – e como uma simples decisão numa sala de guerra poderia por em perigo milhares de vidas. “O Destino de uma Nação” acompanha com um nível de tensão razoável um mês decisivo da guerra através de seus bastidores, mas não esconde o fato de que tudo está lá para que Gary Oldman dê seu show e volte para os gigantes de Hollywood. E ele o faz com maestria.

Curiosidades:

– Gary Oldman filmou tanto fumando charuto que teve uma intoxicação de nicotina e precisou passar por uma colonoscopia.
– O investimento em charutos ultrapassou os U$ 30 mil.
– Apesar de nos créditos finais ter sido dito que Chrchill não se reelegeu em 1945, mas no ano seguinte se elegeu indiretamente (ou seja, não foi pelo voto popular).
– Por uma trágica ironia do destino, o ator John Hurt iria interpretar um personagem que estava morrendo de câncer, porém o próprio morreu de câncer antes de começar as filmagens e teve que ser substituído. Mesmo sem participar, o filme é dedicado a ele.
– A secretária de Churchill, Srta Layton, que aparece no filme, só começou a trabalhar com ele 1 ano depois daqueles acontecimentos.
– Gary Oldman é o sexto ator da franquia Harry Potter a dar vida a Winston Churchill em suas várias encarnações no cinema, teatro e televisão.

Ficha Técnica

Elenco:
Gary Oldman
Kristin Scott Thomas
Ben Mendelsohn
Lily James
Ronald Pickup
Stephen Dillane
Nicholas Jones
Samuel West
David Schofield
Richard Lumsden
Malcolm Storry
Hilton McRae
Benjamin Whitrow
Joe Armstrong
Adrian Rawlins

Direção:
Joe Wright

Produção:
Tim Bevan
Lisa Bruce
Eric Fellner
Anthony McCarten
Douglas Urbanski

Fotografia:
Bruno Delbonnel

Trilha Sonora:
Dario Marianelli

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