Depois dos apenas razoáveis “Grandes Olhos” e “Sombras da Noite”, Tim Burton volta a sua velha forma onde seu pitoresco estilo de cenografia se mistura com a soturna e bizarra narrativa baseado no best seller infanto juvenil de Ransom Riggs.
Asa Butterfield de “O Jogo do Exterminador” é Jack, um adolescente com uma vida medíocre e que após a morte do seu avô começa a ter alucinações e pesadelos. A única pista que ele tem é a foto de um orfanato para crianças especiais numa ilhota distante. Para tentar se curar, ele vai com o seu pai e acaba entrando numa fenda do tempo que o faz voltar à década de 40 onde o orfanato é cuidado pela excêntrica Miss Peregrine (Eva Green de “Pássaro Branco na Nevasca”). Jack descobre que as crianças peculiares são uma espécie de mutantes (não dá pra não lembrar dos jovens “X-Men”) que vivem num mundo à parte, mas agora estão ameaçados por uma outra raça de peculiares lideradas pelo maléfico Barron (Samuel L. Jackson de “Um Álibi Perfeito”) e ele é essencial para deter os vilões.
Mais uma vez Burton cria um universo único onde trevas e luz se complementam com a ajuda da fantástica fotografia de seu parceiro habitual Bruno Delbonnel e a envolvente trilha de Matthew Margeson (“Voando Alto“) e Michael Higham (“Sweeney Todd“) também de Burton. Inclusive o próprio elenco faz parte desse universo, pois os artistas mirins escalados lembram caricaturas de si próprios com partes do corpo ou peculiaridade pronunciadas, o que contribui com a ambientação do público com os eventos a seguir.
Mesmo sem nenhum destaque no elenco, a harmonia da atuação coletiva dá credibilidade à trama e gera uma química que faz o espectador se importar com o destino de todos os personagens. E o roteiro, apesar de ter alterado passagens importantes do livro, consegue amarrar todas as pontas até o final, o que numa história que envolve viagens no tempo misturado com poderes mutantes é muito raro.
Como nem tudo é perfeito, o último ato comete um erro quase imperdoável de estabelecer uma batalha infantilóide entre Barron e nossos heróis mirins. Toma muito tempo, não tem a mínima emoção, muito menos a consistência que fora estabelecida nos dois primeiros atos. Pelo menos o desfecho tem o mínimo de inteligência.
Tirando isso, “O Lar das Crianças Peculiares” é delicioso de se ver, muito humano e consegue fazer a plateia sair com um sorriso no rosto.
Ficha Técnica
Elenco:
Eva Green
Asa Butterfield
Samuel L. Jackson
Judi Dench
Rupert Everett
Allison Janney
Chris O’Dowd
Terence Stamp
Ella Purnell
Finlay MacMillan
Lauren McCrostie
Hayden Keeler-Stone
Georgia Pemberton
Milo Parker
Raffiella Chapman
Direção:
Tim Burton
Produção:
Peter Chernin
Jenno Topping
Fotografia:
Bruno Delbonnel
Trilha Sonora:
Michael Higham
Matthew Margeson
