Poderia Me Perdoar? (“Can You Ever Forgive Me?”)

A comediante Melissa McCarthy de “Alma da Festa” já estava com a sua veia cômica saturada e fez uma ótima escolha em sair de seu lugar de conforto interpretando a escritora Lee Israel que, depois de cair no esquecimento do público e da crítica numa vida pobre por conta de sua própria auto sabotagem, descobre que falsificar cartas de autores famosos pode dar um bom dinheiro ao vender para colecionadores. Claro que esse meio de vida não deve durar para sempre.

Apesar do suspense dramático baseado numa história real ser contado de forma bem honesta e com um roteiro escrito com a seriedade que o tema merece, o filme recai nas costas de McCarthy e de Richard E. Grant (“O Quebra Nozes e Os Quatro Reinos”), ambos indicados ao Oscar de melhor atriz e ator coadjuvante respectivamente.

A protagonista faz da sua personagem uma mulher que ao mesmo tempo é intragável, mas digna de pena, o que torna mais complexa e acentuada a conexão com o público. Já Grant faz o deliciosamente caótico Jack que, por força das circunstâncias vira o melhor amigo de Lee, mesmo faltando caráter onde sobra carisma.

Os diálogos são afiados e os eventos não precisam ser apelativos para obter um grande peso dramático. Só o fato de uma pessoa como Lee estar próxima de ser presa durante todo o filme e esse fato gerar um certo desconforto no espectador já prova o quão acertado foi o casting e a direção da ainda desconhecida Marielle Heller.

Nos aspectos técnicos, a cenografia representa um importante aspecto para conhecimento dos personagens – a sacada que fizeram com o odor, algo que o espectador não sente, foi ótima – da mesma forma que o figurino diferencia bem a personalidade depressiva de Lee e desesperadoramente otimista de Jack. Ambos os aspectos mais a trilha de Nate Heller deixam a atmosfera da bora com tons de drama noir, o que é peculiar e interessante.

“Poderia Me Perdoar?” conta uma história real diferente e de nicho, é minimalista nos acontecimentos, mas carrega uma dramaticidade digna de ser muito bem apreciada.

Curiosidades:

– Jack, o personagem de Richard E. Grant é quase um alcóolatra, mas o ator tem alergia a álcool. Portanto todas as bebidas dele era falsas.
– O marido de Melissa McCarthy, Ben Falcone, interpreta um dos donos de livraria. É o que chantageia ela. Inclusive ele pegou o papel antes da esposa e foi ele que a indicou.
– O bar gay do filme é o bar gay mais antigo de Nova York.

SPOILER – SÓ LEIA DEPOIS DE TER VISTO O FILME

– Na vida real, após Jack ter denunciado Lee, eles nunca voltaram a se encontrar ou a se falar novamente. Ela escreveu suas memórias desses eventos sem pedir permissão a ele.

Ficha Técnica

Elenco:
Melissa McCarthy
Richard E. Grant
Dolly Wells
Ben Falcone
Gregory Korostishevsky
Jane Curtin
Stephen Spinella
Christian Navarro
Pun Bandhu
Erik LaRay Harvey
Brandon Scott Jones
Shae D’lyn
Rosal Colon
Anna Deavere Smith
Marc Evan Jackson

Direção:
Marielle Heller

Produção:
Anne Carey
Amy Nauiokas
David Yarnell

Fotografia:
Brandon Trost

Trilha Sonora:
Nate Heller

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