Poltergeist: O Fenômeno (“Poltergeist”)

Em 1982, pelas mãos de Steven Spielberg (ainda que com direção creditada a Tobe Hooper) surgiu um dos grandes ícones de terror de todos os tempos e que ainda hoje fica no imaginário daqueles com mais de trinta ou de cinéfilos de bom gosto e fãs do gênero. A frase “Carol Anne, venha para luz” virou praticamente um bordão e até seu senso de humor casava com o profundo horror de seu contexto.

E é nessa leva de refilmagens e reimaginações de filmes de terror dos últimos anos, temos a decepção de nos confrontarmos com esse novo “Poltergeist”. Nesse reboot passado nos dias atuais, vemos a família Bowen que se instala na casa onde outrora fora um cemitério. Contextualizado pela atual depressão americana, verificamos o casal Eric e Amy (os competentes Sam Rockwell de “A Condenação” e Rosemarie DeWitt de “O Mensageiro”) onde Eric, sem emprego, precisa se mudar. Essa composição dos personagens já faz toda a diferença, pois o terror que se segue vira apenas uma extensão do sentimento ruim da família desde o início, ao contrário do original em que havia uma felicidade que foi se transformando em pura tensão. Então o espectador já entra embarcado numa vibe sem surpresas e apenas constata o que dezenas de filmes do gênero já mostram.

A Carol Anne desse remake atende pelo nome de Madison (Kennedi Clements que é uma bonequinha que dá vontade de levar pra casa), mas na produção ela – que era pra ser a estrela – se apaga por causa de um roteiro que tenta aproveitar todos os personagens e, mesmo com o talento de alguns, parece não se prender a ninguém. Tanto que é notória a impressão de que o irmão medroso dela (o ator mirim Kyle Catlett) tem mais projeção.

Algumas cenas antológicas do original ficam reduzidas a genéricos como a famosa sequência da árvore onde nem o momento mais tenso – contagem de tempo entre o relâmpago e o trovão – entrou na edição final. Efeitos especiais bem feitos, mas também genéricos, mostram demais e insinuam de menos, tirando a potencial agonia de antigamente.

Mas o que realmente quase afunda “Poltergeist” é o senso de humor abusado e fora de contexto que algumas horas para ter saído de uma sátira e não de um gênero sério. Assim, consegue provocar mais risadas constrangedoras na platéia do que o medo, tal qual deveria. A cena cômica que se passa depois dos créditos parece ter sido tirada de bombas como “Inatividade Paranormal” e causam vergonha alheia.

Esse novo “Poltergeist” foi reduzido ao denominador comum dos filmes de terror manufaturados de Hollywood e chega até desleal compará-lo à obra prima de 1982 (sem nostalgia).

Ficha Técnica

Elenco:
Sam Rockwell
Rosemarie DeWitt
Saxon Sharbino
Kyle Catlett
Kennedi Clements
Jared Harris
Jane Adams
Susan Heyward
Nicholas Braun
Karen Ivany
Patrick Garrow

Direção:
Carlos Saldanha

Produção:
Nathan Kahane
Roy Lee
Sam Raimi
Robert G. Tapert

Fotografia:
Javier Aguirresarobe

Trilha Sonora:
Marc Streitenfeld

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