Rio (EUA, 2011) ***NOS CINEMAS***

Depois de “A Era do Gelo“, o brasileiríssimo Carlos Saldanha desceu aos trópicos para contar a história da arara azul Blu que fora contrabandeada para os EUA e parou nas mãos da jovem e carinhosa Linda. Com a domesticação de Blu, ele nunca aprendeu a voar. Anos depois os dois vão ao Brasil para que Blu possa acasalar com a única fêmea descoberta da espécie, a espirituosa Jade. Só que as araras são seqüestradas e devem fazer o possível para escapar dos contrabandistas, juntando-se a um time de animais engraçados como dita as produções do gênero.

Numa análise fria, “Rio” se assemelha muito com as obras da Disney, pois a) possui um protagonista que vai contra a sua natureza (não sabe voar) e deve aprender a enfrentar esse medo; b) é permeada com canções formando números musicais ricamente coreografados (ou nem tanto) e; c) tem um vilão que é a cara dos vilões da Disney, até nas olheiras. É visualmente competente e deliciosamente engraçado com as caricaturas de personagens já bem planejadas para trazer as gargalhadas ao público.

Porém um incômodo detalhe chama atenção: dirigido por um brasileiro, este deveria ser um filme onde se resolveria a dualidade de idiomas – português e inglês – vistos que personagens americanos vêm ao Brasil. Portanto é com espanto – e aí estou falando das cópias legendadas, e portanto originais – que Saldanha fracassou em equacionar a questão. Com os animais, é incompreensível que Blu pegue um dicionário ou pior, que se partir desse princípio que todos os animais sejam poliglotas. O certo seria que eles falassem inglês com naturalidade, já que para o país de origem representaria a linguagem dos animais, como é feito em qualquer outra produção sem precisar do artifício do dicionário.

Agora é muito mais grave com os seres humanos. Como conceber que um garoto de favela do Rio fale inglês fluente ou até mesmo que um grupo de brasileiros fale inglês entre si? Mas ao invés de ao menos ter um critério, “Rio” opta por fazer uma salada de idiomas. Num dado momento, um segurança brasileiro fala pra um folião compatriota: “Pare para ser revistado. Go ahed“. Lógico que tudo se deve ao fato do americano ser preguiçoso e não gostar de ler legendas (e por isso tantos remakes se fazem lá), mas mesmo assim o diretor poderia ter o mínimo de sensibilidade para achar uma solução que tivesse o mínimo de coerência.

Como toda propaganda turística o Rio de “Rio” não sofre violência e as favelas foram apagadas ou tiveram sua aparência atenuadas para melhor, como por exemplo um dos cenários onde se passa a trama. E nem vimos o BOPE passeando por lá.

Rio” é uma ótima diversão com aqueles personagens engraçadinhos que todo mundo gosta e com um desfecho óbvio, súbito, mas que ainda sim satisfaz. Contudo, ao contrário de “A Era do Gelo“, apenas engrossa o caldo das boas animações dos últimos anos sem destacar-se em algum aspecto.

[rating:3.5]

Ficha Técnica

Elenco:
Anne Hathaway
Jesse Eisenberg
will.i.am
Jamie Foxx
George Lopez
Tracy Morgan
Jemaine Clement
Leslie Mann
Jake T. Austin
Jane Lynch
Wanda Sykes
Davi Vieira
Carlos Ponce
Karen Disher
Sofia Scarpa Saldanha
Rodrigo Santoro

Direção:
Carlos Saldanha

Produção:
Bruce Anderson
John C. Donkin

Fotografia:
Renato Falcao

Trilha Sonora:
John Powell

ELENCO

DIREÇÃO

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