Rogue One: Uma História Star Wars (“Rogue One”)

Rogue One” faz por “Star Wars” o que “Capitão América 2: O Soldado Invernal” fez pelos filmes da Marvel: amplificou seu escopo, transformando seu cerne num filme de suspense, tensão, ação e aventura, extrapolando os limites aos quais a saga estava confinada. E muito melhor do que se falar no universo expandido de Star Wars, a produção se mantém exatamente na trama principal e responde algumas das lacunas que “Uma Nova Esperança” deixa, como o próprio plot: lá já é fato que os rebeldes têm os planos da Estrela da Morte que se inicia nas mãos da Princesa Léia. Mas como eles foram roubados?

Passando-se entre os episódios III e IV (uma espécie de Star Wars III,5) “Rogue One” nos conta que Galen Erso (Mads Mikkelsen, o vilão de “Doutor Estranho”) foi recapturado pelo maléfico General Krennic (Ben Mendelsohn de “Amor Sem Pecado”) para finalizar a construção do que seria uma arma destruidora de planetas, o que deixa sua filha Jyn órfã. 15 anos mais tarde, ela já no corpo de Felicity Jones (“Inferno”) é encontrada pela Aliança e recebe a missão de achar seus pais e destruir os planos dessa arma, justamente no momento em que ela está pronta para os testes. Então, Jyn com uma equipe designada para a missão sacrificará tudo para seu objetivo.

O diretor Gareth Edwards (“Godzilla”) toma todas as decisões acertadas a começar pela essência da sua trama e da complexidade emocional que envolvem os personagens. Ele desmistifica a aliança como algo quase infantil prostrado por George Lucas e mostra sim pessoas dispostas a fazer de tudo para a vitória, inclusive atos tão questionáveis como aqueles do Império – e Diego Luna (“Elysium”) personificando o aliado Cassian traduz perfeitamente o conceito. Ainda responde a pergunta de como alguém conseguiu construir a Estrela da Morte com uma falha (talvez a melhor sacada do roteiro e a chave de todos os eventos).

Edwards mantém um ritmo implacável e eletrizante que não deixa o espectador respirar e ainda triunfa em não suavizar as mortes, nem dos azarados Stormtroopers, muito menos de personagens relevantes à trama, mais uma vez subvertendo o padrão George Lucas.

O compositor Michael Giacchino de “Doutor Estranho” substitui o mestre John Williams com bastante propriedade criando uma trilha que relembra a original, mas com sensíveis diferenças para pontuar o paralelismo da trama. O design de produção merece palmas por construir mundos distintos dentro das galáxias onde se passam os eventos com uma força natural e funcional que dividem paisagens fantásticas com ruas empoeiradas, chuvas constantes e demais elementos conhecidos para a nossa realidade.

Mas não tem jeito: é quando Darth Vader e outras caras conhecidas entram em cena que começa o êxtase. Lógico: por melhor que seja a história, o preço que se paga é o apego aos personagens centrais da saga. E eles não decepcionam, inclusive os cinco minutos finais é tudo é mais um pouco do que os fãs e até mesmo os neófitos podiam esperar com uma cena de ação de intensidade máxima, outra emocionalmente chocante e a final que deve arrancar os gritos de qualquer ser humano nesta ou em qualquer galáxia mais distante. Talvez essa seja a vantagem de “Capitão América 2: O Soldado Invernal” para “Rogue One”: a Marvel não precisou se distanciar tanto de seu universo para criar uma trama mais substancial. Mas de maneira alguma diminui o brilho desse capítulo da história de ficção científica mais famosa do planeta.

Rogue One” nos surpreende a cada minuto, contém intensidade emocional que rivaliza com qualquer outra parte, efeitos especiais de cair o queixo, uma trama inteligentíssima que termina onde “Uma Nova Esperança” começa, unindo todas as pontas do quebra-cabeça e uma harmonia entre técnica, atuação e condução de primeira. Imperdível.

Curiosidades:
– Vários figurinos e modelos de nave foram exatamente os mesmos usados em “Uma Nova Esperança” de 1977. Ou seja, haja lavar roupa!
– Quem teve a idéia do filme foi John Knoll, um gerente da ILM (Industrial Light and Magic), empresa de efeitos especiais de George Lucas. Ele contava para os colegas de trabalho que adoraram o plot e um deles conseguiu levar a produtora Kathleen Kenedy que se apaixonou pelo enredo e deu sinal verde na hora pra levar o filme às telas.
– A voz de Darth Vader continua sendo do decano James Earl Jones. Porém mais de uma pessoa veste o uniforme e ambos são dublês.
– O robô K-2SO diz na cena do elevador “I have a bad feeling about this” em homenagem à emblemática frase dita por Han Solo e várias vezes durante a saga.
– O General Tarkin foi feito através de uma técnica digital avançada, visto que seu intérprete Peter Cushing faleceu em 1994, sendo colocado no rosto do dublê e ator Guy Henry. Detalhe 1: ficou perfeito. Detalhe 2: há outro personagem com a mesma técnica, mas é segredo.
– O planeta Wobani é um anagrama para Obi-Wan.
– Há uma cena em que Jyn esbarra em dois seres que querem criar confusão com ela. Eles são os mesmos que arranjam briga em Mos Eisley com Luke Skywalker no Episódio IV.
– O tabuleiro de xadrez holográfico da Millenium Falcon aparece na fortaleza de Saw Guerrera numa versão real.
– O título Rogue One por si só é um easter egg, pois acaba sendo o nome do esquadrão rebelde que mais tarde vai ser comandado por Luke Skywalker. Assim entendemos que a Princesa Leia teve ciência do sacrifício de todos os envolvidos em roubar os planos da Estrela da Morte e como homenagem batizou com Rogue One seu esquadrão principal.

Ficha Técnica

Elenco:
Felicity Jones
Diego Luna
Alan Tudyk
Donnie Yen
Wen Jiang
Ben Mendelsohn
Forest Whitaker
Riz Ahmed
Mads Mikkelsen
Jimmy Smits
Alistair Petrie
Genevieve O’Reilly
Ben Daniels
Paul Kasey
Stephen Stanton
Ian McElhinney
Fares Fares
Jonathan Aris
Sharon Duncan-Brewster
James Earl Jones
Valene Kane

Direção:
Gareth Edwards

Produção:
Simon Emanuel
Allison Shearmur

Fotografia:
Greig Fraser

Trilha Sonora:
Michael Giacchino

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