Tron – O Legado (“Tron Legacy”, EUA, 2010) ***NOS CINEMAS***

Quando foi lançado “Tron – Uma Odisséia Eletrônica” em 1982, a humanidade estava ainda germinando no que viria a ser a popularização da tecnologia. Portanto, tudo era tão misterioso que ao entrar numa máquina como o protagonista Kevin Flynn fez, qualquer que fosse seu destino era bem recebido pelos cinéfilos ávidos por uma fantástica história e efeitos especiais – na época – de última geração.

Em pleno fim de 2010 onde a tecnologia não só é acessível à qualquer parcela da população como também seus meandros são muito bem conhecidos, fica muito, mas muito difícil, engolir que ao entrar num computador (no original era uma central de vídeo-games), vamos nos deparar com programas iguais humanos com sexo e sentimentos (quando convém ao roteiro) e toda uma cidade em torno. Assim, para que o espectador possa ao menos tentar apreciar esta produção, é preciso que ele abstraia absolutamente tudo o que ele conhece, quase que voltando seus neurônios para o início da década de 80.

Com isso feito, temos que há anos atrás Flynn, ou melhor, um Jeff Bridges (“The Open Road“) rejuvenescido digitalmente num efeito ok, com a mesma técnica feita para o envelhecimento de Brad Pitt em “O Curioso Caso de Benjamin Button“, mas com resultando um pouco pior. Ele desaparece misteriosamente deixando seu filho pequeno Sam morando com os avós. Já na atualidade o jovem Sam (Garrett Hedlund de “Sentença de Morte“) herda a companhia do pai, contudo é um rebelde desinteressado. Ao ser comunicado sobre um misterioso aviso vindo do antigo fliperama de Flynn, ele acidentalmente vai parar no mundo eletrônico. Daí ele tem que encontrar o pai e frustrar os planos do governante tirano daquele universo.

Não dá pra negar que o visual é deslumbrante, mesmo mantendo-se fiel à visão de 28 anos atrás. Para quem já viu a primeira parte – para melhor ou para pior – percebe-se o, digamos, upgrade de algo que já foi feito, tanto a corrida de motos como o duelo com os discos de memória dos jogadores. Por outro lado, o 3D (pra quem vai ver no cinema neste formato) é decepcionante, já que é muito diluído na produção 2D, chegando a ser rarefeito ao longo do filme.

A trama tenta ser profunda, fazendo clara analogia ao nazismo e aos regimes totalitários, mas para isso inventam uma nova espécie de “programas / meio humanos” (???) que nem o roteiro sabe explicar. O desfecho é mais inexplicável do que orçamento de campanha política. Aliás, não só o final como diversos momentos, digamos, absurdos. Falando nisso destaque para a presença de Michael Sheen (“Ameaça Terrorista“) fazendo um andrógino programa que serve de alívio cômico, mas que podia muito bem estar num vídeo clipe do Duran Duran ou SoftCell. A trilha sonora do badalado Daft Punk, nada tem de impactante a não ser em momentos de tensão quando evoca clara inspiração do que foi ouvido em “A Origem“. Curiosidade: a dupla de produtores aparecem no filme como os DJ’s mascarados na cena da boite.

Tron – O Legado” é um verdadeiro deslumbramento visual que só não é melhor aproveitado pela ausência do 3D em muitas partes, além de ótimas seqüências de ação. Mas se por um lado enche os olhos, por outro esvazia o cérebro. Tem o potencial de um Play Station 3, mas um conteúdo de Atari.

[rating:2.5]


Ficha Técnica

Elenco:
Jeff Bridges
Garrett Hedlund
Olivia Wilde
Bruce Boxleitner
James Frain
Beau Garrett
Michael Sheen
Anis Cheurfa

Direção:
Joseph Kosinski

Produção:
Sean Bailey
Steven Lisberger
Jeffrey Silver

Fotografia:
Claudio Miranda

Trilha Sonora:
Thomas Bangalter
Jason Bentley
Daft Punk

ELENCO

DIREÇÃO

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