“O Solista” (“The Soloist” / Joe Wright / 2009) é baseado na história real do músico Nathaniel Ayers, que sofre de esquizofrenia durante estudos no centro de artes Juilliard School, de Nova York. Nathaniel tornou-se sem-teto nas ruas do centro de Los Angeles-EUA, tocando violino em duas cordas e fã incondicional de Beethoven. O filme foca a relação que Nathaniel teve com o jornalista do Los Angeles Times, Steve Lopez (Robert Downey Jr.).
A película tem atuações primorosas, mais uma vez, de Jamie Foxx – como o solista Nathaniel, que intitula o filme; e de Robert Downey Júnior – como o colunista do LA Times Steve Lopez, mostrando todo o seu talento depois de ótimas e recentes atuações em “Homem de Ferro” e “Sherlock Holmes“. O próprio ator, Jamie Foxx, relatou à época do encerramento das filmagens que o personagem Nathaniel Ayers mexeu profundamente com ele.
Steve Lopez, envolvido demais com o novo amigo e com a arte incompreendida de Nathaniel, batalha para convencer o artista a ter uma vida melhor, com um pouco mais de conforto, tentando reavivar seu dom.
O diferencial positivo da película é exatamente a relação os dois personagems, muito mais do que os dons musicais ou os reflexos esquizofrênicos da música na mente do personagem de Jamie Foxx. Em “O Solista”, o que prevalece é a mudança de comportamento do colunista Lopez – e nem tanto do músico sem-teto Nathaniel. É uma situação parecida com a ocorrida no filme “Rain Man” (1989), em que o personagem de Dustin Hofman (Raymond), também esquizofrênico, acaba tornando seu irmão, vivido por Tom Cruise (Charlie), uma pessoa melhor – e não o contrário. O importante, aqui, é ajudar e crescer num relacionamento.
Apesar de um pouco cansativa e modorrenta, por vezes, a projeção leva o espectador a momentos de lirismo e reflexão, ao mesmo tempo em que há uma crítica racional e esteticamente interessante à ausência do Estado, no caso específico, em Los Angeles, na gerência da situação dos moradores de rua.
“O Solista” é, acima de tudo, um filme que fala sobre redenção, resgate de dignidade e saber enfrentar e vencer os nossos próprios limites.