Cisne Negro (“Black Swan”, EUA, 2010) ***NOS CINEMAS***

Digam o que quiser, mas “Cisne Negro” é um filme de terror. E sim, finalmente um filme de terror indicado ao Oscar. O grande diferencial é que o terror gerado tem suas raízes em relações que beiram o drama.

Natalie Portman (“Sombras de Goya“) é Nina, uma bailarina dedicada, mas com uma idade limite para alcançar algum tipo de patamar superior. Quando o professor de sua academia, o austero e dúbio Thomas Leroy (Vincent Cassel de “Inimigo Público nº 1“) a seleciona para o papel principal no balé “A Dança dos Cisnes”, ela tenta atingir a perfeição. As coisas se complicam com a chegada de uma descolada bailarina, Lily (Mila Kunis de “Maré de Azar“), fazendo com que surja em Nina uma paranóia de perseguição agravada ainda mais pela pressão do espetáculo e da sua dominadora mãe, a qual faz com que não diferencie a realidade de sua própria imaginação traiçoeira.

Nota-se claramente que o terror que se desperta ao longo da trama tem raízes em todas as pressões sofridas pela protagonista, mas ao fim e ao cabo, deve-se à sua própria relação com a mãe, vivida entrega total por Barbara Hershey que ganhou o Bafta por sua interpretação, mas teve seu ápice em 1986 com “Hannah e Suas Irmãs” de Woody Allen.

O outro grande trunfo é a direção de Darren Aronofsky, indicado ao Oscar 2009 por “O Lutador“. Com efeitos especiais discretos, mas irretocáveis, e uma edição milimétrica, faz com que a platéia tome sustos, mas sempre se mantendo no contexto da narrativa. Consegue conduzir o espectador numa espiral de desespero que começa de forma inocente até a insanidade total. Uma curiosidade é que ele usa bastante um recurso idêntico ao usado em “O Lutador“, mas com o objetivo completamente diferente: é quando ele passa várias seqüências acompanhando o personagem pelas costas. Em “O Lutador“, esse recurso era usado para demonstrar a solidão na qual vivia o protagonista, o pugilista Ram (Mickey Rourke). Já em “Cisne Negro“, o mesmo efeito denota uma sensação constante de perseguição a Nina.

E falando nela, Natalie Portman, pegou um papel talhado para o Oscar de melhor atriz e fez uma interpretação a altura. E a grande parceria dela com o diretor é mostrar a dualidade de sua personagem através de um jogo físico e mental entre o branco e o negro como um transtorno de personalidade que chegará a proporções catastróficas.

Apesar de “Cisne Negro” ser uma autêntica obra prima do cinema e um clássico instantâneo, convém dizer que ele não obedece aos padrões cartesianos do cinema comercial, o que pode fazer com que muita gente acostumada ao cinema como forma pura de entretenimento e escapismo, simplesmente não tenha simpatia ao filme. Isso faz e sempre fará parte da dicotomia cinematográfica entre a arte e o entretenimento.

De qualquer forma, “Cisne Negro“, seus realizadores e envolvidos merecem os louros de terem produzido uma das obras mais originais e chocantes de 2010.

[rating:4.5]


Ficha Técnica

Elenco:
Natalie Portman
Mila Kunis
Vincent Cassel
Barbara Hershey
Winona Ryder

Direção:
Darren Aronofsky

Produção:
Scott Franklin
Mike Medavoy
Arnie Messer
Brian Oliver

Fotografia:
Matthew J. Libatique

Trilha Sonora:
Clint Mansell

ELENCO

DIREÇÃO

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