Não é a toa que “A Vida dos Outros” ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Ele mostra como uma produção modesta (custou apenas U$ 2 milhões), porém muito bem dirigido e muito bem articulado pode mexer com a platéia.
Na década de 80 em plena Alemanha Oriental, um expert em vigilância (Ulrich Mühe) da Stasi (polícia alemã), a mando de um ministro, passa a vigiar um artista e sua namorada sem nenhum indício de crimes contra o Estado. Ao decorrer do tempo, o solitário vigilante começa a se afeiçoar pelo casal, ao mesmo tempo que descobre o que há por trás dessa missão, fazendo com que seus ideais socialistas gradualmente caiam por terra.
Apesar da importante trama formada pelo casal central, os ótimos Sebastian Koch e Martina Gedeck, o cerne de todo o filme jaz em Mühe e sua transformação de um rígido defensor da RDA (República Democrática Alemã) a um ser humano com sentimentos e questionador dos atos de seu governo e de seus próprios, principalmente na segunda metade história quando enfrenta o dilema de entregar seus vigiados ou não.
Por sinal, a partir daí o expectador já não consegue tirar os olhos da tela culminando num clima impactante próximo de seu final e num pós-climax digno de lárgimas e não com um final totalmente feliz. “A Vida dos Outros” é tudo o que o nosso cinema Brasileiro gostaria de ter sido e, torço, ainda seja um dia.
[rating:5]
Ficha Técnica
Elenco:
Martina Gedeck
Ulrich Mühe
Sebastian Koch
Ulrich Tukur
Thomas Thieme
Direção:
Florian Henckel von Donnersmarck
Produção:
Quirin Berg
Max Wiedemann
Fotografia:
Hagen Bogdanski
Trilha Sonora:
Stéphane Moucha
Gabriel Yared