15h17: Trem para Paris (“The 15:17 to Paris”)

Clint Eastwood tem o tino para contar histórias reais como “Sully: O Herói do Rio Hudson” e que envolvem um enorme patriotismo, amor pelas forças armadas para defesa e paz americana como em “Sniper Americano”. Só que dessa vez o tiro saiu pela culatra. Fez um filme de 90 minutos que na verdade tem 10 minutos.

Um fato pouco conhecido do grande público é que há alguns anos, um trem que ia para Paris foi invadido por um terrorista e uma catástrofe só não aconteceu por causa de três americanos que estavam lá dentro e conseguiram dominar o terrorista e salvar vidas. Essa é a história ele conta e que demora 10 minutos. Os outros 80 minutos falam sobre a infância e a adolescência desses três amigos, os quais na fase adulta, são interpretados pelos próprios personagens na vida real, o que não deixa de ser interessante.

Mas tudo isso gera uma série de problemas: primeiro que todo o caminho pelo qual os personagens passam não tem nenhuma conexão com os eventos do clímax. Isto é, temos aí 80 minutos bem filmados, mas desperdiçados. Não há nenhum arco de história que justifique mostrar a juventude do trio, a não ser para dizer que – pelo menos um deles – tem um amor pelo seu país e fica repetindo que Deus o pôs lá por uma razão, o que ultrapassa qualquer limite de apelação.

Segundo que os próprios diálogos não têm propósito algum, a não ser encher linguiça. Quase o filme inteiro os personagens passam falando sobre nada. Alguns como na viagem que antecede o evento principal são constrangedores, falando sobre tempo, bebida, ressaca de uma forma quase mecânica.

E por falar em mecânico, por mais inusitado que seja ter os próprios protagonistas reais do evento no filme, eles não são atores e, portanto, tem um desempenho péssimo, quase robótico e se apagam em sua própria narrativa. Até mesmo o clímax tem pouco impacto, seja pela honestidade ou pela falta de – aí sim – apelo dramático.

Se o filme não tivesse a marca de Clint Eastwood na direção, provavelmente iria para algum dos cantos obscuros do catálogo das locadoras e Netflix. Melhor passar por esse e não ter que ver a imagem de Eastwood arranhada.

Curiosidades:

– No quarto de um dos personagens há um cartaz do sensacional filme de Clint Eastwood “Cartas Para Iwo Jima”.
– Há uma cena em que um coadjuvante passa com uma camisa com a cara de Clint Eastwood no filme de 1985 “O Cavaleiro Solitário”.
– Na vida real o francês que ajudou os três americanos não aceitou a medalha de honra e pediu para se manter anônimo com medo de represálias por grupos terroristas que poderiam estar instalados na França.
– 8 semanas depois do fato real, já nos EUA, um dos americanos, Spencer, foi vítima de agressão à faca e quase morreu. O criminoso foi preso dias depois e Spencer concedeu seu perdão a ele, apesar do cara estar preso até hoje.
– Este é o filme mais curto da carreira de Clint Eastwood como diretor.

Ficha Técnica

Elenco:
Alek Skarlatos
Anthony Sadler
Spencer Stone
Judy Greer
Jenna Fischer
Irene White
Ray Corasani
William Jennings
Bryce Gheisar
P.J. Byrne
Paul-Mikél Williams
Thomas Lennon
Tony Hale

Direção:
Clint Eastwood

Produção:
Clint Eastwood
Jessica Meier
Tim Moore
Kristina Rivera

Fotografia:
Tom Stern

Trilha Sonora:
Christian Jacob

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