A Casa Sombria (“The Night House”)

Para se fazer um filme cabeça, tem que ter no mínimo cabeça também. E parece que na hora de escrever o roteiro desse terror faltou questões básicas, mas importantíssimas que, numa análise um pouquinho mais profunda, acabam com os argumentos do filme.

Rebecca Hall de “O Jantar” é Beth que acaba de perder o marido após um casamento de 15 anos. Ele se suicidou o que a deixou transtornada. É quando ela começa a ter pesadelos que a levam a descobrir que seu marido estava com estranhos comportamentos e ainda por cima estava construindo uma réplica da própria casa só que ao contrário do outro lado do lago próximo de onde moravam.

Uma das primeiras coisas que incomodam é saber que a maioria das cenas de susto e ação se passa nos sonhos da protagonista. E essas são as cenas que aparecem no trailer, o que passa aquela sensação de que fomos tapeados. Significa que, apesar desses sonhos trazerem mensagens que, em tese, são importantes para a trama, a ação de verdade não aconteceu. Nada contra sonhos em filmes, mas o excesso é ruim.

Segundo que Beth é aquela típica personagem tão transtornada que toma todas as decisões erradas e, pior, deixa o espectador sempre a um passo a frente dela. Assim, ao invés de o público se surpreender com suas descobertas, ele já sabe ou pelo menos suspeita antes de Beth sequer ter idéia.

Mas o principal é a essência do que está acontecendo e o diretor David Bruckner de “O Ritual” tenta empurrar uma explicação muito mais difícil de engolir do que outros caminhos que poderiam ter sido traçados (vamos falar sobre isso mais embaixo).

Para que a explicação do roteiro vingasse, só se a tal entidade que parece atormentar Beth fosse uma imbecil. O plano que ela (a entidade) traça é pior do que aqueles do Coiote para pegar o Papa Léguas ou do Tom para pegar o Jerry. Fora o fato de que qualquer coisa consegue enganar a entidade, a qual provavelmente não passaria nem num teste psicotécnico de trânsito. O desfecho ainda corta a história sem desenvolver para verificar até onde os eventos foram reais ou se não passou apenas da imaginação de Beth.

A Casa Sombria” tem bons sustos, uma boa premissa, mas não consegue dar uma dentro no quesito de lógica e consistência. Aí é dureza.

Explicações – SÓ LEIA SE JÁ TIVER VISTO O FILME

Já é difícil de engolir que a entidade é algo que Beth encontrou com 17 anos quando teve um evento de quase morte e que o espírito (ou seja lá o que for, ficou obcecado por ela). Só que Beth também conta que está com seu marido há quase 15 anos, mas que aos 17 ainda não o tinha conhecido. Significa que a entidade esperou no mínimo 15 anos para fazer alguma coisa!

Só que a ao invés de fazer com a própria Beth, ela vai incomodar o marido dela?!?! Se o espírito tinha o poder que demonstrou no filme, porque ele não foi direto na protagonista? Seria muito mais simples!

Eis que o marido tenta enganar a entidade se transformando num serial killer e matando mulheres parecidas com Beth! Mas como isso conseguiria enganar a entidade? Só se ela fosse muito burra! E o que a entidade faz quando percebe que foi enganada? Será que ela chega no cara e diz “Poxa parceiro, sacanagem, hein?”. Por isso são tantas questões simples que não foram respondidas ou então foram de forma paupérrima, o que torna difícil criar qualquer afinidade (intelectual que seja) com a história.

Eu disse lá em cima que desfecho ainda corta a história sem desenvolver para verificar até onde os eventos foram reais ou se não passou apenas da imaginação de Beth. E se os cadáveres não existiram? Ou se existiram, será que a entidade existe ou o casal era simplesmente maluco? Se Beth era sonâmbula, existe a possibilidade dela simplesmente ter matado as vítimas e o marido estivesse apenas tentando protege-la? Taí uma explicação com uma reviravolta bem maior, sem ser sobrenatural e muito mais consistente, se soubessem escrevê-la. Mas o que vimos é o que tem para hoje.

Ficha Técnica

Elenco:
Rebecca Hall
Sarah Goldberg
Vondie Curtis-Hall
Evan Jonigkeit
Stacy Martin
David Abeles
Christina Jackson
Patrick Klein

Direção:
David Bruckner

Produção:
David S. Goyer
Keith Levine
John Zois

Fotografia:
Elisha Christian

Trilha Sonora:
Ben Lovett

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