A figura de Erzebet Bathory é cercada de uma série de especulações que já renderam adaptações para TV e até filmes de terror. Julie Delpy que estreou com pé direito na comédia artística “2 Dias em Paris” conta com riqueza de detalhes a história da condessa acusada de dezenas de mortes de jovens mulheres para que, com o sangue delas, rejuvenescer.
A narrativa começa muito bem frisando que a verdade dos fatos é muito relativa, dependendo do espectador e até do cenário político da época. Demonstrando uma segurança como atriz tão grande que como diretora, Delpy encarna uma protagonista inteligente, determinada, mas como no prefácio do filme, com um senso de julgamento distorcido, a qual tem uma porção de terra estratégica na Hungria. Após a morte do marido e já caucasiana, ela se apaixona pelo jovem filho de um conde (Daniel Brühl, também ator de “2 Dias em Paris“) e, quando ele some represado pelo pai, ela acha que é por conta de sua idade e desenvolve uma obsessão pela juventude. Numa jogada política promovida pelo pai do seu amado (William Hurt de “Robin Hood“), é incutida nela de forma inconsciente a idéia de que o sangue rejuvenesce, provocando o horror nas redondezas.
O mais interessante da trama é que ela foi escrita de forma crível, inserindo as atitudes abomináveis que facilmente resultariam numa produção de terror, num contexto dramático orgânico. A reconstituição de época é notável, mesmo que claramente feito de forma independente. Destaque para a trilha sonora composta pela própria Julie Delpy, mostrando uma versatilidade notável.
Mas “A Condessa” ganha mesmo pela sua condução da trama, culminando numa mensagem peculiar sobre “aqueles que fazem a história”, além da interpretação de Delpy que faz a sua Erzebet Bathory tão abominável quanto adorável.
[rating:3.5]
Ficha Técnica
Elenco:
Julie Delpy
Daniel Brühl
William Hurt
Anamaria Marinca
Sebastian Blomberg
Charly Hubner
Anna Maria Mühe
Direção:
Julie Delpy
Produção:
Andro Steinborn
Fotografia:
Martin Ruhe
Trilha Sonora:
Julie Delpy
