A Cura (“A Cure for Wellness”)

Um executivo é enviado para um peculiar spa para a terceira idade na Suiça com a missão de trazer de volta o CEO da empresa que surtou e não voltou mais de lá. Chegando, ele descobre que esse spa guarda segredos sinistros e corre o risco de ficar preso lá pra sempre.

O roteiro é um emaranhado de boas idéias, mas nem todas se conversam. A lenda do barão, o funcionamento do spa, os funcionários / seguidores da filosofia de cura, o processo que realmente ocorre com os pacientes tem conexões apenas superficiais, apesar de isolados, apresentarem sacadas matadoras. Por sorte e competência, o diretor Gore Verbinski (“O Cavaleiro Solitário”) consegue solidificar esses vínculos com precisão tal que só uma análise mais aprofundada da trama expõe suas fragilidades.

Aliás, ele faz duas coisas diametralmente opostos: a boa é explorar todas as possibilidades que o roteiro dá na relação entre o protagonista Lockhart (Dane DeHaan de “A Vida Depois de Beth”), o dono do sanatório, Dr. Volmer (Jason Isaacs de “Conexão Escobar”) e a única jovem residente, Hanna (Mia Goth de “Evereste”) e a própria instituição com a cultura criada entre residentes, funcionários e habitantes da aldeia; A ruim: dar tantas voltas para explicar determinados eventos que a) faz o filme demorar mais que o necessário, praticamente duas horas e meia e b) não aproveita essa gordura de tempo pra dar mais consistência à trama e/ou esclarecer melhor certas passagens.

Aliás, ele deixa muito na mão do espectador usar a imaginação para tentar ligar os pontos, o que é bom se formos entender as abstrações do filme, mas também prejudica um entendimento mais cartesiano.

Dane DeHaan com suas sobrancelhas sempre cerradas (como se estivesse constantemente fazendo um esforço para ler alguma coisa) dá a credibilidade que a história exige e exibe uma ótima química com seu antagonista, interpretado por Isaacs, sempre competente e tarimbadíssimo para encarnar a complexidade de um personagem vilanesco que não é necessariamente mal em sua essência, mas que fora moldado pelas suas experiências.

O mais interessante da produção é que independente da filosofia, a verdade é que o diretor Gore Verbinski fez sim um ótimo filme de terror, mas numa pegada bem diferente de seu outro trabalho do gênero, “O Chamado”, apresentando uma distopia muito bem vinda com uma narrativa inteligente e, mesmo deslizando em alguns momentos do roteiro, tem uma execução cujo resultado vale muito a pena conferir.

Curiosidades:
– Apesar de se passar na Suiça, foi filmado na Alemanha com as tomadas externas num de seus vários castelos e parte das internas num antigo hospital da 1ª Guerra Mundial onde várias personalidades, inclusive Hitler passaram por lá.
– Na cena do tanque, o livro que o funcionário está lendo é (em alemão) A Montanha Mágica de Thomas Mann, cuja a história é justamente sobre um jovem que vai visitar um primo num sanatório e lá ele é convencido que está doente e não deve sair mais.
– As enguias que aparecem no filme são europeias que tem o ciclo de vida de no máximo 80 anos e não de 300 anos como fala na história.

Ficha Técnica

Elenco:
Dane DeHaan
Jason Isaacs
Mia Goth
Ivo Nandi
Adrian Schiller
Celia Imrie
Harry Groener
Tomas Norström

Direção:
Gore Verbinski

Produção:
David Crockett
Arnon Milchan
Gore Verbinski

Fotografia:
Bojan Bazelli

Trilha Sonora:
Benjamin Wallfisch

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