Tantas coisas pela minha cabeça sobre esse filme que nem sei como começar. Vou tentar de três formas diferentes.
Começo 1:
Quem em sã consciência traduziria o título original “Ambulance” para “Ambulância – Um Dia de Crime”? Poderia ser apenas “Ambulância” ou até mesmo “Um Dia de Crime” (particularmente gosto mais deste último apesar de não ser a tradução literal). Mas colocar um subtítulo em baixo de um título que já é óbvio é achar que o espectador é débil mental.
Começo 2:
Pelo amor de Deus, tirem os drones das mãos do diretor Michael Bay! Ele se viciou em fazer cenas com drones e boa parte do filme o espectador fica prestes a vomitar de tantas piruetas que os drones fazem. Esse brinquedinho não fez bem.
Começo 3:
Fato real: Entrei no cinema sem saber praticamente nada sobre o filme, mas em pouco mais de 10 minutos, ficou claro que era dirigido por Michael Bay, o cara que destruiu a franquia “Transformers” logo no nascimento e fez mais quatro continuações tão ruins quanto a primeira.
E agora sim, vamos desenvolver o resto da crítica:
Jake Gyllenhaal de “O Culpado” e Yahya Abdul-Mateen II – o novo Morpheus de “Matrix Ressurections” – são Danny e Will respectivamente, dois irmãos que planejam e executam um grande assalto a banco que dá tudo errado logo de início (mostrando como são péssimos planejadores) e acabam escapando numa ambulância, fazendo de reféns a socorrista Cam (Eiza González de “Godzilla vs. Kong” e um policial ferido.
Boa parte do filme é em cima dessa perseguição, no mínimo questionável, já que uma ambulância tem pouca mobilidade, mas passa mais de 1 hora de projeção fazendo carros de polícia mil vezes mais bem equipados comerem poeira. Ainda nesse meio tempo, literalmente entre trancos e barrancos, eles precisam manter o policial vivo. Inclusive chega-se ao cúmulo de Will dirigir a ambulância e – calma… respirem – doar sangue para o policial ao mesmo tempo!
A câmera de Michael Bay é tão maluca que o público nunca sabe bem a disposição geográfica dos personagens ou dos carros em perseguição, além do fato que a edição ultrarrápida e a insistência em filmar travellings com drones, não só torna as sequencias cansativas como deixam a plateia meio tonta. Tudo em nome de dar dinâmica, velocidade ou agilidade em uma produção que só pela essência não precisaria de tantas firulas. Mas é Michael Bay, então você sabe como é…
Jake Gyllenhaal parece estar se divertindo o filme inteiro (ao contrário do espectador), pois ele não se segura e faz uma piada atrás da outra, descambando a trama quase para uma comédia. São essas piadas fora de hora que diluem a urgência e a seriedade que a história deveria ter. Essa é mais uma das características que denigrem a cinegrafia do diretor, pois ele adora jogar baldes de comédia em momentos desnecessários.
Quem conseguir chegar até o final ainda vai ter que aguentar um clipe de heroísmo edificante onde mais uma vez as imagens querem falar por mil palavras, mas apenas conseguem se repetir, como um apêndice do que já foi visto até então.
O pior é que “Ambulância” tinha enredo o suficiente para dar um ótimo filme de ação, mas nas mais do diretor, apenas vira um carnaval de comédia, piruetas e fogos de artifício.
Curiosidades:
– 3ª adaptação de um filme dinamarquês que Jake Gyllenhaal participa. Os outros dois foram “O Culpado” e “Irmãos de Sangue”
– Logo no início do filme há um diálogo entre dois policiais e um deles cita um filme do próprio Michael Bay, “A Rocha” (filmaço por sinal). Como o diálogo é em inglês o policial novato pensa que ele está falando do ator “The Rock”.
Ficha Técnica
Elenco:
Jake Gyllenhaal
Yahya Abdul-Mateen II
Eiza González
Garret Dillahunt
Keir O’Donnell
Jackson White
Olivia Stambouliah
Moses Ingram
Colin Woodell
Cedric Sanders
A Martinez
Jesse Garcia
Jose Pablo Cantillo
Wale
Devan Chandler Long
Randazzo Marc
Victor Gojcaj
Briella Guiza
Brendan Miller
Direção:
Michael Bay
Produção:
Michael Bay
Ian Bryce
Bradley J. Fischer
William Sherak
James Vanderbilt
Fotografia:
Roberto De Angelis
Trilha Sonora:
Lorne Balfe
