Beckett

“Beckett” rima com “Tenet” que foi onde vimos o ator John David Washington pela última vez. Aqui ele assume o nome do personagem título e está de férias na Grécia com a sua namorada April (Alicia Vikander de “Pássaro do Oriente”). Depois que eles sofrem um grave acidente de carro, Beckett passa a ser perseguido pela polícia por causa de algo que ele não faz a menor idéia do que seja.

Existem elementos muito interessantes que fazem essa produção de quase duas longas horas vingar, dependendo do espectador: primeiro, a importância da construção inicial da relação entre o protagonista e Abril, o que norteia grande parte das motivações do nosso herói. É uma construção gradativa como tudo que se desenvolve na trama, mas dá para ver que o objetivo é mesmo enriquecer a história ao invés de apenas esticá-la.

O segundo ponto são as circunstâncias que mesmo nada originais, são cruciais para a ação: Beckett está num território desconhecido (interior da Grécia), machucado do acidente e não sabe porque está sendo perseguido. Além disso, ele desenha seu personagem de forma que está longe de ser um herói padrão, pois está sempre nervoso (ainda sobre de transtorno de ansiedade), é desengonçado e não raro toma decisões erradas – mas pensadas – que podem colocá-lo em situações ainda piores. E ver tamanha incerteza contraria aqueles filmes comerciais de ação onde o herói parece ter tudo resolvido e cheio de habilidades para enfrentar seus inimigos.

Finalmente a ótima trilha sonora de Ryuichi Sakamoto (“O Regresso”) dá um toque do cinema Blaxploitation dos anos 70, o que não deixa de ser relevante, já que o protagonista é negro e está num país estrangeiro cuja etnia predominante é branca, e isso acaba sendo um fator de destaque.

Só que também há alguns problemas – dois na verdade – que maculam a qualidade da produção. O maior deles está na essência da premissa, que é o mistério ou conspiração que se abate contra o protagonista. Olhando em retrospecto, a motivação dos vilões é muito frágil, isto é, dificilmente seria preciso matar Beckett para que o trâmite dos eventos ocorresse da forma que os bandidos planejaram.

O outro problema é no clímax que inclui uma cena desnecessária e que poderia ser facilmente ajustada, onde o personagem principal adquire uma resistência sobre humana ao tomar determinada atitude. Num filme onde o pé fincado na realidade predomina, chega a ser frustrante uma cena que destoa totalmente do que estava sendo pregado.

Beckett” tem uma boa trama, abordagem universal, constrói um arco emocional relevante para a história, ação na medida, mas escorrega na premissa cujo impacto será maior ou menor de acordo com a tolerância do espectador.

Ficha Técnica

Elenco:
John David Washington
Alicia Vikander
Boyd Holbrook
Vicky Krieps
Yorgos Pirpassopoulos
Filippos Ioannidis
Lena Kitsopoulou
Isabella Margara
Omiros Poulakis
Marianna Bozantzoglou
Michael Stuhlbarg
Panos Koronis
Andreas Marianos
Dimitris Vangelis
Yannis Kokiasmenos
Yorgos Vasiliou
Olga Spyraki

Direção:
Ferdinando Cito Filomarino

Produção:
Luca Guadagnino
Emanuela Matranga
Francesco Melzi d’Eril
Marco Morabito
Gabriele Moratti

Fotografia:
Sayombhu Mukdeeprom

Trilha Sonora:
Ryuichi Sakamoto

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