Beleza Oculta (“Collateral Beauty”)

Desde que Will Smith fez o ótimo e choroso “À Procura da Felicidade” há dez anos, vira e mexe ele arranja um projeto de drama mexicano pra estrelar e muitas vezes o tiro sai pela culatra. “Beleza Oculta” pode ser considerado um gol (talvez não um golaço) que se não foi uma vitória, pelo menos garantiu um empate com passe para as oitavas de final.

Ele é Howard, um homem tão atormentado com a perda da filha pequena que seu mundo deixou de existir. O empreendedor cheio de vida dono de uma agência de publicidade é praticamente um ermitão escrevendo cartas para abstrações como a Morte, o Tempo e o Amor. Só que por causa disse a empresa está quase indo a falência e seus três melhores amigos, Whit (Edward Norton de “Birdman”), Claire (Kate Winslet de “Steve Jobs”) e Simon (Michael Peña de “Fronteira”) tentam impedir que tudo vá por água abaixo de uma maneira pouco ortodoxa: contratam atores para interpretar justamente a Morte, o Tempo e o Amor e entrar na vida de Howard. Mas não são quaisquer atores. Estamos falando aqui de Helen Mirren de “Decisão de Risco”, Keira Knightley de “Encalhados” e Jacob Latimore de “Policial em Apuros”.

É claro que o roteiro pega carona no livro de Charles Dickens “Um Conto de Natal” onde o avarento Ebenezer Scrooge é visitado pelos fastasmas dos Natais Passado, Presente e Futuro, fazendo a analogia com as três abstrações que “visitam” o protagonista. Aliás, Smith não faz muita coisa a não ser sua cara de habitual de cachorro carente e abre espaço para todos os outros coadjuvantes (o que é bom), mesmo com um roteiro engessado a ponto de “coincidentemente” todos os três amigos enfrentarem os próprios problemas e serem ajudados também pelos três atores na razão de um pra um, como se a história saísse de uma fraca novela das oito com essa matemática conveniente.

Fato é – entretanto – que o carisma dos atores e a boa direção de David Frankel (“Apenas Uma Chance”) mitiga um pouco esse problema. Sendo feito com o objetivo de se chorar copiosamente, o compositor Theodore Shapiro (“A Última Ressaca do Ano”) maltrata o espectador (no bom sentido) com uma trilha encantadoramente manipuladora que estimula ao máximo as glândulas lacrimais. E a (ou as) reviravolta(s) no final pode(m) ser até forçadas e pedantes. Mas digam o que for, elas se encaixam perfeitamente na proposta e por alguns segundos conseguem surpreender. Até xistem algumas pistas durante o filme, mas o efeito se mantém muito positivo até pra quem é Sherlock Holmes.

Beleza Oculta” tinha tudo pra dar errado e encerrar como um dramalhão barato, mas estranhamente funciona em quase todos os sentidos e mais: é honesta na sua intenção de não deixar a turma sair do cinema sem um lenço molhado. Vale o ingresso!

Curiosidades:
Quando Will Smith soube que sua colega de trabalho Naomie Harris (“007 Contra Spectre”) que interpreta a dona de um grupo de ajuda, tinha uma mãe cozinheira, ele se auto convidou para um jantar na casa dela sendo adorado por todos, é claro.

Ficha Técnica

Elenco:
Will Smith
Edward Norton
Kate Winslet
Michael Peña
Helen Mirren
Naomie Harris
Keira Knightley
Jacob Latimore
Ann Dowd
Liza Colón-Zayas
Natalie Gold
Kylie Rogers
Shirley Rumierk
Alyssa Cheatham

Direção:
David Frankel

Produção:
Anthony Bregman
Bard Dorros
Kevin Scott Frakes
Allan Loeb
Michael Sugar

Fotografia:
Maryse Alberti

Trilha Sonora:
Theodore Shapiro

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