Brinquedo Assassino (“Child’s Play”)

Em 1988, mais um vilão de filmes de terror virou ícone para todas as gerações futuras: Chucky, o brinquedo assassino. A série teve dois primeiros ótimos filmes, depois caiu de qualidade, virou uma péssima comédia trash e foi ressuscitada para mais filmes de terror B (vide “A Maldição de Chucky” de 2015).

Essa refilmagem, ou melhor reimaginação, não tem nada a ver com a série antiga, pois nem seu criador, o roteirista e produtor Don Macini, nem os demais membros da filmagem e elenco quiseram se envolver. Ou seja, a série antiga deve continuar, inclusive estão estudando uma série de TV, enquanto esse filme orbita sozinho, por enquanto.

A premissa também é completamente diferente: enquanto no original tínhamos o espírito de um psicopata que foi transportado para o boneco, nesta nova produção, ele tem uma inteligência artificial que foi propositalmente programada para não ter filtros de violência ou emoções. Chucky agora tem a voz de ninguém menos que o Luke Skywalker Mark Hammil e é dado de presente por Karen (Aubrey Plaza de “Amigos Para a Vida”) para seu filho Andy (Gabriel Bateman de “Quando As Luzes Se Apagam”), que é um pré-adolescente, ou seja, com o dobro da idade do Andy original de 1988. Então Chucky começa a revelar seus traços de psicopata e um amor exacerbado por Andy.

Na verdade, esse “Brinquedo Assassino” é uma versão “boneco” do subgênero de terror do amigo / namorado que é deixado de lado e acaba querendo eliminar todos em seu caminho para conseguir seu objeto de desejo.

O design do boneco é bem diferente da série anterior: por um lado parece menos sofisticado, porém um pouco mais amedrontador pelo fator surpresa, já que antes sabíamos exatamente seu objetivo e agora sua inteligência artificial vai modificando um pouco. Também vem cheio de possibilidades que a tecnologia traz já que ele consegue se conectar a outros dispositivos à distância, ampliando assim seu leque de possibilidades de matar. Por outro lado, seus movimentos são um tanto inconsistentes: às vezes parece duro para se movimentar e em outras, rápido como uma bala.

O fato de Andy ser mais velho também é um fator dúbio, já que em alguns momentos ele e seus amigos se encaixam perfeitamente no contexto do filme de terror teen, mas em outros ele age como uma criança de 6 anos com uma ignorância surpreendente que insulta a inteligência do espectador.

A condução da narrativa também não ajuda: não é um terror, nem uma comédia de terror, mas às vezes quer ser sério, outras vezes fazem piadas (até que boas) totalmente fora do contexto. Acaba quebrando o ritmo em vários momentos através da trôpega direção do desconhecido Lars Klevberg.

O novo “Brinquedo Assassino” tem uma boa produção que não soube traduzir em resultado de satisfação, algumas boas cenas de violência, mas ofuscadas por um humor fora de timing e decisões ignorantes de seus personagens que apenas afundam a história.

Curiosidades:

– O novo Chucky foi inspirado no ET de Steven Spielberg: a) Seu dedo brilha, b) Aprende coisas através da TV e c) O figurino de Andy é muito parecido com o de Elliot no clássico de ficção científica.
– Há um carro de polícia de brinquedo que diz “Vivo ou morto, você vem comigo”. É uma homenagem a “Robocop”, pois é exatamente o que o protagonista fala. Ambos os filmes pertencem à mesma produtora.
– Mark Hammil já tinha dublado Chucky num episódio do desenho animado Frango Robô em 2005.
– Há uma menção velada à “Exterminador do Futuro”, pois em termos, as indústrias Kaslan do filme tem o potencial, como visto no último ato, de uma nova Skynet.
– O primeiro nome na cabeça de Andy para chamar seu novo boneco é Han Solo. Foi uma piada interna, visto que seu dublador Mark Hammil foi Luke Skywalker em “Star Wars”.
– A campanha de marketing no Brasil teve a parceria com as pegadinhas do Sílvio Santos no SBT.
– A parte mais interessante da campanha de marketing mundial foram os cartazes onde CHucky mata alguns bonecos de “Toy Story” e a “Annabelle“. Veja abaixo e divirta-se:

Ficha Técnica

Elenco:
Aubrey Plaza
Mark Hamill
Brian Tyree Henry
Tim Matheson
Gabriel Bateman
David Lewis
Beatrice Kitsos
Ty Consiglio
Trent Redekop
Marlon Kazadi
Carlease Burke
Nicole Anthony
Amber Taylor
Hannah Drew

Direção:
Lars Klevberg

Produção:
Seth Grahame-Smith
David Katzenberg

Fotografia:
Brendan Uegama

Trilha Sonora:
Bear McCreary

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