Interessante como a linha de “Capitão América” segue parecida com a de “Thor”, como praticamente um prequel de “Os Vingadores” (estréia em 2012), a começar pelo subtítulo, mostrando a origem de um de seus componentes e, no tempo que dá, tentando construir o personagem. Isso ao contrário de ótimos filmes como “Homem de Ferro” onde o protagonista é o motivo central e não apenas parte de algo maior.
Mas a verdade é que Capitão América é o herói mais clichê e patriota da Marvel (como o “Super-Homem” é para a DC Comics), porém teve uma produção bem mais interessante do que a feita para o deus loiro de capacete com asinhas.
No meio da Segunda Guerra Mundial, Steve Rogers (Chris Evans que já foi o Tocha Humana em “Quarteto Fantástico”) é um aspirante a soldado que por ser franzino – num dos mais sensacionais efeitos especiais do ano, rivalizando com o do personagem de Brad Pitt em “O Curioso Caso de Benjamin Button” – nunca fora aceito para lutar.
Até que é descoberto por um cientista (Stanley Tucci de “Burlesque”) que quer testar um soro para transformar Rogers num super soldado. Com isso, nosso herói deverá enfrentar o arqui-inimigo Caveira Vermelha, cujo nome real é Johan Schmidt, o que não deixa de ser uma interessante coincidência, já que é interpretado por Hugo Weaving que já foi também um Smith, só que o Agente Smith de “Matrix”.
De um lado, o filme toma um longo tempo contando a origem do herói e, apesar de necessário, parece ter faltado um pouco e tato do diretor Joe Johnston (“O Lobisomen”) em orquestrar melhor as seqüências para não ficar tão maçante. Tanto é que as próprias batalhas no geral são pouco inventivas e com raras exceções, não apresentam nada de novo. Além disso, o vilão Caveira Vermelha é insosso e, ao contrário de vilões bem elaborados da Marvel, parece estar apenas interessado no velho clichê de dominar o mundo, mesmo sem haver necessariamente um sentido (uma espécie de Pink & Cérebro sem o Pink).
Já Chris Evans, que transformou o Tocha Humana num comediante de stand up, dessa vez conseguiu acertar o passo com perfeição. Conseguiu convencer o público de que todo aquele patriotismo americano era mais que válido durante a guerra e principalmente, conseguiu contextualizar seu uniforme sem que ficasse ridículo. A jornada do personagem acaba sendo muito bonita, já que o próprio filme contém todo um arco de história em si e fecha num ótimo terceiro ato.
Ainda conta com algumas boas referências a outros heróis da Marvel como a surpreendentemente boa aparição do pai de Tony Stark, Howard Stark na pele de Dominic Cooper (“Educação”) praticamente encarnando os trejeitos criados por Robert Downey Jr; e também sobre os próprios poderes divinos de Asgard.
“Capitão América” funciona muito bem quando se percebe todas as limitações que o roteiro teve para que esse fosse mais um chamado para a reunião dos heróis da Marvel em “Os Vingadores”.
[rating:3.5]
Ficha Técnica
Elenco:
Chris Evans
Hugo Weaving
Tommy Lee Jones
Stanley Tucci
Dominic Cooper
Richard Armitage
Hayley Atwell
Sebastian Stan
Natalie Dormer
Neal McDonough
Toby Jones
JJ Feild
Direção:
Joe Johnston
Produção:
Kevin Feige
Fotografia:
Shelly Johnson
Trilha Sonora:
Michael Giacchino