Cherry – Inocência Perdida (“Cherry”)

Cherry” é quase um filme da Marvel: dirigido pelos irmãos Russo, que elevou ao infinito o patamar da saga “Vingadores” e estrelado pelo nosso Peter Parker Tom Holland. Apesar disso, a produção está longe de falar de super heróis.

Pegando a temática vista em “Soldado Anônimo” de 2005 e a expandido, e usando uma abordagem áudio-visual que lembra (apenas lembra) o sensacional “As Ondas”, o filme fala do sistema americano que consegue quebrar jovens com sonhos e propósitos através da traumática experiência da guerra que deixa marcas suficientes para arruinar seu futuro.

Tom Holland brilha como o jovem que se divide entre seu amor, Emily (Ciara Bravo de “O Mínimo Para Viver”) e a vida no exército que justamente por um impulso inconsequente de amor não correspondido, acabou aceitando. Na volta, ele tem o conhecido stress pós traumático de guerra, passa se drogar e daí é ladeira abaixo.

Uma das grandes sacadas é a forma narrativa em que Holland quebra o quarto muro a toda hora para falar com o espectador – juntamente com a sua própria narração em off – ao mesmo tempo que interage com os demais personagens, tudo isso em mudanças rápidas que, mesmo nos momentos mais dramáticos, chegam a ser tecnicamente deliciosas de se ver, como uma aula de atuação.

Os diretores também se esperam em criar um ambiente onde a saturação das cores e a angulação das câmeras mostram o temperamento do protagonista e seu entorno (crédito para a fotografia de Newton Thomas Sigel de “Destacamento Blood“), além da grande sacada de transformar uma história particular em algo generalizado. Reparem que ele nunca diz seu nome, nem ninguém o fala, chamando-o apenas de “cara” ou “soldado”, e todas as instituições e objetos levam nomes genéricos e sarcásticos: na embalagem de um remédio se lê “pílulas para homens brancos”, fachada de banco dizendo “Bosta de Banco” ou “Empréstimo para nunca se pagar” e por aí vai.

Talvez o único incômodo é ser longo demais com quase 2 horas e meia, que por mais malabarismos narrativos que se faça, torna-se um pouco exaustivo.

Cherry” trata um tema relevante (apesar de nada original) com uma estética e direção diferenciada e ótimas atuações, como um presente tanto para quem gosta de uma boa história quanto de uma boa técnica.

Curiosidades:

– Cherry é um nome cuja expressão que o empregam é vulgarmente conhecido como “perde o cabaço” (da inocência), coisa que o protagonista faz na guerra.
– O irmão de Tom Holland, Harry Holland, além de ser seu coach de atuação faz uma participação no filme como um traficante. Detalhe: ele vai reprisar esse mesmo personagem em “Homem-Aranha 3”! (Podem gritar)
– O filme é baseado no livro homônimo de Nico Walker que também sofreu muitas das mesmas agruras que o protagonista.
– Tom Holland perdeu quase 15kg e depois precisou recuperar num curto espaço de tempo.
– O personagem de Tom Holland e o próprio tinham a mesma idade quando o filme foi feito (23 anos – é dito logo no início do filme).
– As cenas do treinamento foram inspiradas no clássico “Nascido Para Matar” de 1987. Tem praticamente os mesmos ângulos de filmagem.
– O co-diretor Joe Russo faz uma participação especial como o dono do segundo restaurante em que o protagonista trabalha.

Ficha Técnica

Elenco:
Tom Holland
Ciara Bravo
Jack Reynor
Michael Rispoli
Jeff Wahlberg
Forrest Goodluck
Michael Gandolfini
Suhail Dabbach
Daniel R. Hill
Fionn O’Shea
Edward Kagutuzi
Ola Orebiyi
Sam Clemmett
Kaine Zajaz

Direção:
Anthony Russo
Joe Russo

Produção:
Jake Aust
Chris Castaldi
Jonathan Gray
Mike Larocca
Matthew Rhodes
Anthony Russo
Joe Russo

Fotografia:
Newton Thomas Sigel

Trilha Sonora:
Henry Jackman

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