Contra o Tempo (“Source Code”)

O título em português é bom, mas prefiro a tradução literal que seria Código Fonte. Dentre as diversas qualidades técnicas e narrativas que um bom filme deve ter, uma é especial: o poder de surpreender. Não só em reviravoltas malucas, mas de atiçar a inteligência do espectador, de chocar no sentido positivo… e “Contra o Tempo” consegue com maestria mexer com a chamada inteligência emocional do público (claro que há uma parcela de subjetividade nessa afirmação).

Jake Gyllenhaal de “Amor e Outras Drogas” é o Capitão Stevens e ele está numa missão digna de ficção científica: através de uma tecnologia, a qual é explicada durante a projeção, Stevens assume a identidade de um homem dentro de um trem que está prestes a explodir no passado. Segundo a hipótese científica colocada, ele só pode voltar nos últimos oito minutos de vida deste homem. Ele não voltou ao passado, mas sim na memória quântica do desconhecido passageiro (sim, é complicado explicando, mas na hora se entende bem), portanto não pode mudar o que já aconteceu nem salvar as vidas já perdidas no desastre. Sua missão é encontrar a bomba que explode o trem e encontrar o terrorista, pois no fim do dia outra bomba de proporções muito maiores vai explodir em Chicago. Ele descobre que a colega deste passageiro de quem assumiu a consciência é a belíssima Chris, ou melhor Michelle Monaghan de “O Melhor Amigo da Noiva”.

Tecnicamente a produção é impecável. Tanto a fotografia (destaque para a cápsula onde Stevens está imerso e o passeio por um monumento no terceiro ato) quanto os efeitos especiais que de tão bem elaborados quase não se percebe que estão lá, como na sensacional cena em que ele se joga do trem em movimento.

Mas aqui o que importa mesmo é o roteiro e a direção irretocável de Duncan Jones, dono de outra ótima obra de ficção, “Lunar”. O mais interessante de tudo é que no meio do segundo ato, o principal mistério muda de “quem é o terrorista” para “o que realmente é essa missão do Capitão Stevens”, já que nem ele mesmo sabe exatamente como ele entrou neste experimento. E aí, as surpresas não param e fazem o enigma da identidade do terrorista empalidecer frente ao contexto geral da narrativa. Os últimos 15 minutos mudam radicalmente o conceito que todo mundo tem sobre o que seria um clímax de um filme de ação.

Sem dúvida, “Contra o Tempo” se firma como o melhor filme de ação de 2011, sendo que o espectador interessado deve passar um bom tempo refletindo sobre o que realmente aconteceu. Na minha opinião, resumiria o código fonte em uma só palavra: (passe o mouse se quiser ver um possível spoiler). Quem quiser ver mais spoilers e entrar na discussão pode ler o que escrevi no fim do post embaixo do cartaz. Sugiro só ler o fim do post depois de ter visto o filme.

Tudo o que vou escrever agora foi a minha maneira de ver as coisas.

Ficha Técnica

Elenco:
Jake Gyllenhaal
Michelle Monaghan
Jeffrey Wright
Vera Farmiga
Michael Arden

Direção:
Duncan Jones

Produção:
Mark Gordon
Jordan Wynn
Philippe Rousselet

Fotografia:
Don Burgess

Trilha Sonora:
Chris Bacon

O tal código fonte parece ter uma associação muito forte com os mesmos princípios de Matrix, já que ele cria um novo universo que se porta como um espelho ou versão do nosso. Vimos que mesmo depois da Comandante Goodwin desligar a máquina, ele continua naquele universo, sendo que o princípio do aparelho de “cabear” a nuca de Stevens se parece muito com o que era feito com o Neo, salvo o contexto de ambas as produções.

Alguém pode dizer que há uma enorme diferença já que quando ela desliga a máquina e Stevens morre, ele deveria ter morrido no mundo paralelo (Matrix), porém ao mudar o passado que se refletiu no mundo real, ele acaba continuando vivo já que o trem acabou não explodindo.

Ainda há uma segunda hipótese: a de que no fim, quando Goodwin chega na base militar e não houve nenhum atentado, na verdade isso estaria acontecendo no mundo paralelo e não no mundo real. Com esta hipótese, o código fonte teria criado um universo parecido paralelo com Matrix, mas com o adendo de se poder fazer viagens no tempo. Em outras palavras, tai uma loucura sadia de se pensar.

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