Em Transe (“Trance”)

Grandes cineastas fazem grandes filmes até quando estes são pequenos. É o que o oscarizado Danny Boyle (“127 Horas”) traz pra mesa ao fazer esse delicioso suspense bem ao estilo de “12 Homens e um Outro Segredo”.

James McAvoy de “Conspiração Americana” é Simon que junto com uma gangue liderada por Franck (Vincent Cassel de “Um Método Perigoso”) rouba um quadro milionário no meio de um leilão. O problema é que sem motivo aparente, Simon escondeu o quadro e por conta de uma pancada na cabeça esqueceu onde colocou. Então eles recorrem a uma hipnoterapeuta chamada Elizabeth (Rosario Dawson de “Fogo Contra Fogo”) para tentar extrair a informação da mente de Simon. A partir daí começa um jogo de poder entre os três, segredos são revelados e Simon começa a perder o senso entre a realidade e a hipnose.

Boyle usa a recorrente, mas sempre interessante (quando bem aplicada) não linearidade da narrativa para revelar apenas aquilo que o roteiro pede e no tempo certo. Com uma edição eficaz entre o real e o mundo da hipnose, ele mata dois coelhos com uma cajadada: relaciona analogias hipnóticas com os fatos futuros ou pretéritos e ao mesmo tempo, como um bom ilusionista, confunde o espectador para que ele “olhe para o lado errado” enquanto o truque é feito bem na frente dele. Esse tipo de narrativa funciona muito bem durante quase toda a projeção com exceção do segundo ato, quando as cenas para distração do público chegam em excesso e acabam por ser desnecessárias.

Por outro lado Boyle exibe outra de suas marcas registradas, uma trilha sonora inspiradíssima em parceria com seu amigo Rick Smith que já colaborou em “Sunshine – Alerta Solar”. A estética também encontra lugar especial, ao se utilizar cores que praticamente marcam cenas e objetos importantes e, não obstante, também faz parte desse grande ilusionismo.

O elenco é uma atração à parte e seu desempenho flui organicamente e, mesmo que em alguns momentos a platéia não entenda algumas atitudes, o inteligente roteiro trata de fechar absolutamente todas as pontas até o desenlace. Mais interessante é a mudança de posição entre os três personagens, fazendo com que não se saiba a verdadeira intenção deles até o clímax com algumas mudanças estratégicas de comportamento.

“Em Transe” finaliza em altíssimo nível e prova que nenhum filme com uma boa história é pequeno o suficiente que não haja um realizador capaz de torna-lo grande.

PS: O Danillo Oliveira da comunidade Filmow.com deu uma definição pra Em Transe bastante original: uma mistura de A Origem (Inception) Eterno de uma Mente Sem Lembranças e Amnésia (Memento).

Ficha Técnica

Elenco:
James McAvoy
Vincent Cassel
Rosario Dawson

Direção:
Danny Boyle

Produção:
Danny Boyle
Christian Colson

Fotografia:
Anthony Dod Mantle

Trilha Sonora:
Rick Smith

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