Encanto

2021 foi o ano do renomado teatrólogo, música, diretor e artista Lin-Manuel Miranda. Além de ter dirigido o musical sensação do ano “Tick Tick… Boom!”, também foi o co-criador, co-autor, coreógrafo da mais nova produção da Disney que, como o título bem fala, encanta.

Continuando no âmbito da diversidade, a história se passa na Colômbia onde num vale há uma cidadezinha que existe pela magia da Casa Madrigal, uma grande família onde cada um tem poderes mágicos que lhes é dado durante a infância. Menos Mirabel, a qual nunca entendeu e já jovem, tem dificuldade de lidar com essa “anomalia”. Mas quando a magia da casa começa a enfraquecer sem motivo aparente, Mirabel é a primeira a perceber e corre atrás de restaurar essa magia, provando assim o seu valor.

Miranda junto com os diretores criou um musical, ao estilo de Frozen, mas capricharam não só nas letras sensacionais, afiadas e totalmente inerentes ao contexto, como na coreografia e, por ser uma animação e tudo ser possível, transforma-se num show áudio visual que muito mais que apenas uma experiência sensorial, também é totalmente parte da essência da história.

Uma abordagem mais que diferente é que a grande maioria dos eventos se passa na Casa Madrigal, ao contrário de grandes épicos que a Disney costuma montar. Deram um jeito de ser uma história minimalista, familiar e ao mesmo tempo grandiosa.

A parte de ser familiar talvez é o que conte mais: desenharam uma dinâmica realista para a família madrigal, onde por fora parece a família perfeita, mas como vemos, há uma série de conflitos, atritos e insatisfações, bem mais do que só a trama principal mostra. Isso deixa o grau de afinidade com o espectador ainda maior, o qual vai sentir e acompanhar essa dinâmica familiar até o desfecho emocionante.

Entretanto, a animação comete um pecado somente: levados pelas belíssimas músicas, performances e carregados na emoção, os realizadores esqueceram de explicar exatamente o que aconteceu no desfecho, como a magia funciona ou como foi reconstituída e qual o papel de Mirabel nisso tudo. Apesar de darem pitadas de explicação, fica longe de montar o quebra-cabeça completo. Por isso, vamos colocar a explicação completa logo abaixo da crítica.

Não é preciso entender totalmente “Encanto” para se encantar. É uma ótima experiência e talvez a mais completa abordagem de família que a Disney se propôs a fazer com músicas inteligentes e emocionantes.

***SPOILER – O QUE ACONTECEU NO FINAL – EXPLICAÇÃO – SÓ LEIA APÓS TER ASSISTIDO AO FILME!!!***

Não fica claro como após a reconstrução da casa, aquela maçaneta segurada por Mirabel traz a magia de volta (sem a vela, diga-se de passagem). Também não se entende sobre a visão de Bruno sobre o abraço com sua irmã. Muito menos, o que a redenção da Avó Alma tem a ver com o retorno da magia.

Então a primeira coisa a saber é que o dom de Mirabel é o mesmo dom de sua avó: elas são as únicas que conversam com a casa. Reparem que nem Mirabel nem a avó tem nenhum outro poder além deste. E esse é o dom mais importante, pois Mirabel é a sucessora de sua avó (mesmo sem saber) para manter a unidade familiar e, portanto, a magia da casa.

A magia da casa enfraquece porque a avó Alma se desvirtua do propósito familiar: ao invés dela manter a unidade da família, ela começa a querer manter a magia a qualquer custo. Ela fez o tio Bruno fugir, está arranjando um casamento para a irmã de Mirabel, deixou a prima de Mirabel triste por não poder ter o amor que sempre sonhou, e sempre põe Mirabel para baixo por ela não ter poderes.

Quando Mirabel compõe a visão do tio Bruno no quebra cabeça de vidro, ao virar para os lados, a casa se reveza entre estar rachada e estar perfeita. Isso porque o destino da protagonista, ao contrário do que ela mesmo pensa, é reconstruir a casa e a magia, ao invés de destruir.

Quando chegamos na visão de Bruno sobre o abraço, somos levados a pensar que é a irmã de Mirabel que deveria estar abraçando-a, mas na verdade a visão é sobre a avó Alma, pois quando ela era jovem, Alma se parecia muito com a irmã de Mirabel. Assim, o abraço que provoca o retorno da magia é a reconciliação entre Mirabel e sua avó. Então, no fim se estabelece que o poder de Mirabel é justamente ser a guardiã da magia e da família tal qual sua avó foi.

Detalhe: no início a porta mágica de Mirabel desaparece porque a sua porta mágica é justamente a porta da entrada da casa, como se vê no final.

Ficha Técnica

Elenco:
Stephanie Beatriz
María Cecilia Botero
John Leguizamo
Mauro Castillo
Jessica Darrow
Angie Cepeda
Carolina Gaitan
Diane Guerrero
Wilmer Valderrama
Rhenzy Feliz
Ravi Cabot-Conyers
Adassa
Maluma
Rose Portillo
Noemi Josefina Flores
Juan Castano
Sarah-Nicole Robles
Hector Elias
Alan Tudyk
Olga Merediz

Direção:
Jared Bush
Byron Howard
Charise Castro Smith

Produção:
Yvett Merino
Clark Spencer

Fotografia:
Alessandro Jacomini
Daniel Rice
Nathan Warner

Trilha Sonora:
Germaine Franco

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