Invocação do Mal 2 (“The Conjuring 2”)

Começamos a continuação de “Invocação do Mal” exatamente onde ela parou, quando os Warren são chamados para investigar o caso de Amityville, tantas vezes refilmado no cinema cujo clássico “Terror em Amityville” de 1979 vale a pena ver. Na verdade “Invocação do Mal 2” surge também como uma excelente continuação do próprio “Terror em Amityville”, com um início sensacional onde o diretor James Wan – que preferiu dirigir esse filme do que o milionário “Velozes e Furiosos 8” que vai estrear em 2017 porque ele ama terror – consegue fazer com que o espectador identifique a famosa casa apenas por mostrar uma de suas janelas.

Mas o caso principal da produção está do outro lado do Atlântico onde uma família aparentemente começa a ser atormentada por um espírito da casa e então o casal sensitivo e famoso tem que viajar a Londres para desvendar mais esse mistério. O roteiro teve a genialidade de amarrar todos os pontos numa só narrativa coesa desde o primeiro minuto, onde tudo vai fazendo sentido à caminho do desfecho e, nas mais de duas horas de puro horror, divide a estrutura entre a assombração da Inglaterra e os conflitos internos do casal Warren que, a cada caso, parecem se aproximar mais de sua própria destruição, traduzido pelo constante receio que Lorraine Warren (Vera Farmiga) tem ao ver o enérgico marido Ed (Patrick Wilson, amigão do diretor) se colocando sempre à frente dos casos e do perigo, mesmo com um poder sensitivo claramente menor que o da esposa.

O elenco compra a briga, inclusive os atores e atrizes mirins que, a seu modo, são peça fundamental para incitar o terror. Mas o destaque mesmo fica para o diretor com suas maneiras sempre originais de assustar, construindo a tensão muito mais com a movimentação da câmera do que com edições manipuladoras ou sons nas alturas, deixando o susto muito mais orgânico. Uma das técnicas que funcionaram muito bem é fazer tomadas longas que vão minando o psicológico do público até o climáx, além de cenas desde já antológicas como a da TV e do controle remoto no fim do primeiro ato. E até mesmo as cenas que aparecem no trailer ficam com um novo contorno dentro do contexto da narrativa.

O cuidado com a reconstituição temporal foi tão cuidadosa que as fotos reais comparadas com as cenas nos créditos finais e ainda seguido da amedrontadora trilha sonora de Joseph Bishara (parceiro de Wan que já construiu trilhas de medo nas sagas “Sobrenatural” e “Anabelle”) parecem um terror depois do terror.

Invocação do Mal 2” turbina a saga, mostra-se mais épico, mais profundo e conecta todos os pontos mostrados desde o início. Talvez uma das melhores opções do gênero em 2016.

Curiosidades (onde estiver escrito SPOILER, passe o mouse para ler o resto do texto):

– (SPOILER): Na história real, os eventos de Amityville não tem nenhuma conexão com a assombração em Londres. O caso na época foi simplesmente da assombração do espírito do velho Bill Willkings e não há nenhuma entidade demoníaca por trás disso. Os roteiristas que tiveram a sacada de unir as duas coisas, tendo os Warren como principal ponto de conexão. Inclusive a história dá a entender (ou pelo menos sugere) que esse novo caso seria uma forma dessa entidade atrair os Warren para sua própria morte ao invés de simplesmente assombrar uma família.

– (SPOILER): Também no caso real, depois de anos de investigações, foi concluído (e não comprovado) que tudo não passou de uma fraude feita pela família (como em vários momentos é sugerido no filme), com a voz gutural sendo feita pela irmã mais velha.

– (SPOILER): O nome do espírito, Valak, aparece 3 vezes no filme antes da gente saber de verdade: 1) Como uma sombra na mesa quando Ed mostra a sua pintura pra Lorraine; 2) Nas pulseiras que a filha do casal estava fazendo: todas tem Valak soletrado; 3) Na cena em que Lorraine dorme enquanto sua filha brinca, aparece rapidamente em letras ornamentadas na estante.

– (SPOILER): Saber o nome do espírito para enfraquecê-lo e destruí-lo é uma técnica que realmente existe nos livros de exorcismo da igreja católica.

– A música do brinquedo, O Homem Torto, foi escrita pelo compositor Joseph Bichara exclusivamente para o filme.

– No primeiro dias de filmagem, um padre foi chamado para benzer o set.

– (SPOILER): Sabe quem aparece no final? R: Anabelle!

Ficha Técnica

Elenco:
Patrick Wilson
Vera Farmiga
Madison Wolfe
Frances O’Connor
Lauren Esposito
Benjamin Haigh
Patrick McAuley
Simon McBurney
Maria Doyle Kennedy
Simon Delaney
Franka Potente
Bob Adrian
Bonnie Aarons
Javier Botet

Direção:
James Wan

Produção:
Rob Cowan
Peter Safran
James Wan

Fotografia:
Don Burgess

Trilha Sonora:
Joseph Bishara

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