Jogador Nº 1 (“Ready Player One”)

Steven Spielberg conseguiu! Finalmente ele produziu um filme família comparável a seus clássicos dos anos 80 e 90, como “ET – O Extra Terrestre”, “Indiana Jones” como diretor ou produzindo, como os clássicos “De Volta Para o Futuro” ou “Os Goonies”. A ironia é que o filme adaptado da obra de Ernest Cline, fala justamente sobre toda a cultura pop dos anos 80 e 90, cultura esta que o próprio Spielberg ajudou a criar.

Em 2040, as desigualdades sociais são cada vez maiores e para escapar dessa vida pobre, as pessoas buscam uma segunda vida virtual no Oasis, uma espécie de Second Life turbinado, onde as pessoas são capazes de fazer e ser o que quiser. Nessa realidade há um jogo onde o falecido fundador do Oasis (Mark Rylance de “Dunkirk”) prometeu doar toda a sua empresa, inclusive o Oasis, para o vencedor.

Anos sem que ninguém descubra nem a primeira pista do jogo, surge Wade (Tye Sheridan de “Os Últimos Dias no Deserto”) que consegue avançar no jogo junto com seus amigos e desperta a ira do Presidente da empresa rival do Oasis, Sorrento (Ben Mendelsohn de “O Destino de Uma Nação”), o que pode trazer consequências catastróficas tanto no virtual quanto na realidade para nossos heróis.

A produção tem duas grandes facetas: a primeira gira em torno da caça ao Easter Egg que é o jogo em si, fazendo com que Wade e sua turma sejam praticamente uma versão digital / real de “Os Goonies” como já citado acima. E isso leva o grupo – e o espectador – aos mais diversos tipos de situações. Spielberg cuida para que tudo no Oasis tenha efeitos especiais de ponta e faça o público ser inserido como se fosse a realidade. Além disso, ele consegue dar perfeita sensação de tempo e espaço de forma que saibamos tudo o que precisa ser visto em tela e a ação transcorre de forma assertiva e em ritmo eletrizante.

A segunda faceta, que é parte da história e não poderia estar de fora, é a infinidade de referências à cultura pop dos anos 80 e 90. Desde o início, há uma metralhadora com personagens, objetos e gestos que remetem à clássicos e tudo o que o cinema, TV, games e HQs já fizeram. Tem o DeLorean de “De Volta Para o Futuro” (uma das muitas referências ao filme), King Kong, Chucky, Freddie Krueger, Jason, Akira, Tron, Lara Croft, Star Trek, Star Wars, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Duke Nukem, Parque dos Dinossauros, Atari, o Gigante de Ferro, Exterminador do Futuro 2 (com o gesto do desfecho), só para citar alguns, e chega a passar até pelas comédias mais relevantes de todos os tempos, como Clube dos Cafajestes, Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado. E melhor: para tudo há um contexto e nada é simplesmente jogado na tela. A sequencia em que se reproduz o hotel e personagens de “O Iluminado”, clássico de terror de Stanley Kubrick é de cair o queixo.

Claro que, tal qual um jogo, vão ter espectadores de nível easy que vão curtir o filme mesmo sem entender parte das referências, e vão ter aqueles nível hard que vão pegar praticamente todas no ar e elevar o nível de satisfação à máxima potência.

Com a trama muito bem amarrada, efeitos de primeiríssima linha e direção impecável, o elenco só não foi melhor porque Tye Sheridan ainda é um ator limitado. Tanto que seu avatar no Oasis é bem melhor que ele próprio. Já Olivia Cooke (“Eu, Você e a Garota que Vai Morrer”) consegue fazer a amiga de Wade e interesse amoroso com toda a garra e características que faltam ao protagonista, enquanto Ben Mendelsohn faz um vilão que é ameaçador e contém a leveza e o humor que só um ator de seu calibre conseguiria compor.

Destaque para a incomparável trilha de Alan Silvestri (“Aliados”) que conseguiu fazer uma trilha totalmente original pegando pequenos enxertos de obras passadas. Inclusive há um efeito de “De Volta Para o Futuro” (que o próprio Silvestri compôs) muito usado nessa trilha.

Jogador Nº 1” é tudo aquilo que esperamos do mestre pop Steven Spielberg e que finalmente se materializou como uma homenagem a tudo o que a arte pop conseguiu produzir nas melhores décadas de criatividade aliado a uma aventura que consegue ser atual em qualquer década para qualquer idade.

Curiosidades:

– O cubo mágico que aparece no filme é chamado de Cubo Zemeckis em homenagem a Robert Zemeckis, amigo de Spielberg e diretor de “De Volta Para o Futuro”. É claro que esse cubo tem um efeito sobre o tempo.
– Houve polêmica na escalação de Tye Sheridan porque a agência de casting fez uma campanha procurando por atores ainda desconhecidos. Quando foi anunciado o nome de Sheridan, muitos aspirantes a atores se sentiram lesados, reclamando nas redes sociais que a produção os havia enganado.
– No livro de Ernest Cline, o protagonista estuda a história da cultura pop e inclusive um dos cineastas mais citados lá é o próprio Steven Spielberg. O diretor decidiu apagar essas referências para não parecer egocêntrico.

Ficha Técnica

Elenco:
Tye Sheridan
Olivia Cooke
Ben Mendelsohn
Lena Waithe
T.J. Miller
Simon Pegg
Mark Rylance
Philip Zhao
Win Morisaki
Hannah John-Kamen
Ralph Ineson
Susan Lynch
Clare Higgins
Laurence Spellman
Perdita Weeks

Direção:
Steven Spielberg

Produção:
Donald De Line
Dan Farah
Kristie Macosko Krieger
Steven Spielberg

Fotografia:
Janusz Kaminski

Trilha Sonora:
Alan Silvestri

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