Liga da Justiça (“Justice League”)

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Não é um filme excepcional, mas seguramente é o melhor que a DC poderia fazer com material que tinha em mãos. E o material era meio escasso, pois ao invés de construir um universo durante mais de dez anos, tal qual a Marvel, a DC tentou montar tudo em cerca de dois anos, depois do interessante “O Homem de Aço” e já pulando para o bonzinho, mas desajeitado “Batman Vs. Superman” onde jogou de qualquer jeito o que viria a ser a premissa para “Liga da Justiça”. Com o surpreendente filme da “Mulher Maravilha” logo no início do ano, as apostas aumentaram, mas a pressa continuava.

Para alívio dos fãs “Liga da Justiça” consegue a proeza de abranger muito conteúdo numa narrativa muito enxuta (o filme mais curto da nova era DC até então). Talvez o segredo tenha sido fazer uma trama simples: um vilão alienígena chamado Lobo da Estepe (Todo digital com captura de movimentos e voz de Ciarán Hinds de “Sangue Pela Glória”) quer unir as três caixas do poder que podem transformar a Terra no inferno. Nesse meio tempo, Bruce Wayne e Diana correm contra o tempo para recrutar pessoas com super poderes para uma aliança contra essa invasão, já que Superman está morto: Aquaman (Jason Momoa de “Loucos e Perigosos” e mais conhecido como o Karl Drogo de “Game of Thrones”), Flash (Ezra Miller de “Animais Fantásticos e Onde Habitam”) e Cyborg (o ainda desconhecido Ray Fisher).

A química entre os personagens é outro ponto ato. Enquanto a dinâmica entre Batam e Mulher Maravilha que já estava bem estabelecida toma caminhos interessantes, Ezra Miller está impagável como o Flash, o mais jovem que além de ser o alívio cômico (coisa que faltava nos filmes da DC) ainda é um alter ego do espectador já que fica maravilhado com o potencial do que seus super amigos podem fazer, além de ser o único com medo genuíno de morrer. Jason Momoa também rouba a cena várias vezes, principalmente na cena de uma hilária confissão a seus amigos.

Finalmente a capacidade de síntese já citada no início, a qual consegue fazer o público entender o mínimo necessário da origem dos novos personagens sem prejudicar a narrativa (nos próximos anos, cada um terá seu filme solo onde isso deve ser mais explorado), além de encher – no bom sentido – a trama com várias referências do universo DC, indo desde o retorno a ilha da Mulher Maravilha até a Atlântida do Aquaman e ainda dando um vislumbre em flashback da participação da tropa dos Lanternas Verdes.

Inclusive alguns aspectos de onde se situa cronologicamente o filme dão ainda mais cores para a construção de um contexto que não nega as origens de outros filmes da DC. Por exemplo, quando num diálogo entre Batman e Alfred, estes colocam que o herói já está há 20 anos defendendo Gotham e deixa os vilões antigos para trás (numa alusão interessante ao Pinguim).

Nos demais aspectos, destaque para a trilha de Danny Elfman (“O Círculo“) que usou partes das trilhas de “Batman” de Tim Burton e do “Superman” original; e os efeitos especiais que só pecam quando mostram algumas cenas do Superman onde tiveram que tirar o bigode do ator digitalmente deixando sua boca com um aspecto esquisito em alguns momentos (vide curiosidades para detalhes). Só falta o diretor Zack Snyder parar com sua síndrome de “300” e fazer cenários digitais com um pouco mais de leveza.

Liga da Justiça” diz a que veio, conta uma boa história, tem uma ótima dinâmica entre seus personagens e um ritmo que não deixa a peteca cair, finalmente adiciona um humor de qualidade (mesmo em seu costumeiro clima soturno) e abre diversas portas para continuações e prequels que certamente vão acontecer e a gente só tem que torcer para continuarem a seguir por esse caminho.

Curiosidades:

– No momento da pós produção Henry Cavill já estava filmando “Missão Impossível 6” e seu personagem usa um bigode. A Paramout Pictures proibiu que o ator tirasse o bigode para as refilmagens de “Liga da Justiça”, o que forçou o time de efeitos especiais utilizarem artifícios digitais para retirar o bigode, algumas vezes dando um efeito esquisito na boca do ator. Algo parecido foi feito em “Mulher Maravilha” quando Gal Gadot grávida já tinha uma aparente barriga e na pós produção foi retirada digitalmente.
– Há um momento em que o Lobo da Estepe fala “Por Darkseid!”, conhecido vilão do Superman. Na verdade Lobo da Estepe é o tio de Darkseid nos quadrinhos.
– Há uma cena em que o Flash diz que Bruce Wayne está sentado no seu segundo lugar favorito. É uma piada com “The Big Bang Theory”, pois Sheldon é fã do Flash e tem um lugar favorito na sala de seu apartamento.
– Num dos monitores da casa do Flash está passando um episódio de Rick and Morty.
– Durante as refilmagens de pós-produção, o filho do diretor Zack Snyder cometeu suicídio e então ele deixou a direção, sendo substituído por Joss Whedon (“Os Vingadores”) para que o filme pudesse ser finalizado quanto Snyder fazia seu luto.
– Na cena inicial em Gothan, há um letreiro num prédio escrito “Janus”. O dono dessa empresa é um chefe do crime conhecido como Máscara Negra, um dos arqui-inimigos do Batman.

Ficha Técnica

Elenco:
Ben Affleck
Henry Cavill
Amy Adams
Gal Gadot
Ezra Miller
Jason Momoa
Ray Fisher
Jeremy Irons
Diane Lane
Connie Nielsen
J.K. Simmons
Ciarán Hinds
Amber Heard
Joe Morton
Lisa Loven Kongsli

Direção:
Joss Whedon

Produção:
Jon Berg
Geoff Johns
Charles Roven
Deborah Snyder

Fotografia:
Fabian Wagner

Trilha Sonora:
Danny Elfman

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