Mad Max: Estrada da Fúria (“Mad Max: Fury Road”)

O filme é ligado no 220V, ou melhor, ao 920V. Há muito não se vê um acúmulo de ação numa escala tão frenética quanto aqui. Pai da franquia “Mad Max” que começou com o ainda juvenil Mel Gibson em 1979, teve uma ótima continuação em 1981 e se afundou nos exageros oitentistas em “Além da Cúpula do Trovão” em 1985, George Miller – cuja última paternidade foi em “Happy Feet – O Pinguim” – consegue pegar o melhor de sua trilogia, potencializar a níveis inimagináveis e conceber uma obra com uma dinâmica e estética tão infalíveis que alguns aspectos principais da narrativa até passam despercebidos.

Começando pela história, que praticamente não existe: no futuro apocalíptico distópico, Max (Tom Hardy de “Os Infratores”) já começa sendo perseguido e capturado por uma tribo comandada pelo sádico Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne que, pasmem, fez o primeiro vilão de “Mad Max” em 1979). Nesse imenso deserto sem água, Joe é um ditador que controla tudo, inclusive suas mulheres. Quando a líder delas, Imperatriz Furiosa (Charlize Theron de “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”) foge com todas as outras cortesãs, começa uma perseguição que dura o filme inteiro e Max acaba dentro da confusão.

Estrada da Fúria” é nada mais que isso: um filme de perseguição. Só que o mundo imaginado pelo diretor com suas bizarrices que tanto chocaram as plateias há mais de trinta anos, volta com um design de produção impecável, com cenários incríveis, figurinos saídos de uma revista em quadrinhos, dando um tom que é mistura dos anos 70, 80 e 90 com o estilo atual num show de cores que propositalmente contrasta com o laranja dominante do deserto. E se vemos um carro com um capanga em cima tocando uma guitarra que solta fogo, é só um detalhe que chega no ápice de uma cena com um bebê que por pouco não deve ter sido censurada.

A ação é tanta que filme tem pouquíssimos diálogos, que obviamente prejudica a construção dos personagens. O roteiro já admite que todo mundo tem que conhecer o passado de Max, o qual é mostrado apenas como pro forma, o que faz do protagonista de Tom Hardy um personagem unidimensional, quase como a Furiosa de Theron. Quem se dá bem e se destaca acaba sendo Nicholas Hoult (o Fera de “X-Men”), como um capanga “meia alma” (como são chamados) que começa a descobrir que a vida pode ter um significado maior numa interpretação bastante carismática.

E repetindo: a ação é tanta que nos poucos minutos que ela dá um tempo, o espectador tem a impressão de que o filme parou, pois a adrenalina já corre nas veias. Só que não é qualquer ação: é literalmente uma orquestra onde cada personagem faz o seu papel harmonicamente num timing de precisão milimétrica. Usando pouquíssimos efeitos digitais para ficar o mais realista possível, vemos dublês se espatifando em acidentes espetaculares e quase inacreditáveis.

E de bônus todo o visual se mistura organicamente com a brilhante trilha sonora do produtor Junkie XL que também mandou bem em “Noite Sem Fim“. Essa combinação gera um imenso e delicioso videoclipe narrativo.

Mad Max: Estrada da Fúria” é um dos pouquíssimos casos onde a ação pela ação, a loucura pela loucura, e sem a mínima preocupação com qualquer aspecto narrativo formal, faz tudo funcionar magistralmente. Uma das grande surpresas dos blockbusters de 2015. Pra sair do cinema suando.

Ficha Técnica

Elenco:
Tom Hardy
Charlize Theron
Nicholas Hoult
Hugh Keays-Byrne
Josh Helman
Nathan Jones
Zoë Kravitz
Rosie Huntington-Whiteley
Riley Keough
Abbey Lee
Courtney Eaton
John Howard
Richard Carter

Direção:
George Miller

Produção:
George Miller
Doug Mitchell
P.J. Voeten

Fotografia:
John Seale

Trilha Sonora:
Junkie XL

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