Morte no Nilo (“Death on the Nile”)

Antes de dirigir um dos grandes indicados ao Oscar “Belfast”, Kenneth Branagh dirigiu e protagonizou novamente como o detetive criado pela autora Agatha Christie, Hercule Poirot essa adaptação de seu livro homônimo. Só que por uma série de intempéries, o filme foi sendo postergado até esse recente lançamento aos cinemas.

Poirot volta para um cruzeiro de casamento entre a rica Linnet (Gal Gadot de “Alerta Vermelho”) e o cara de cafajeste Armie Hammer (“Desculpe Te Incomodar”), onde a própria noite presume que alguém no navio pode querer lhe fazer mal. Quando ocorre um assassinato, o detetive começa seu ciclo de investigação.

O roteiro foi mais ousado no sentido de ter feito uma série de intervenções dentro do livro original e por incrível que pareça, alguns elementos novos ficaram melhores que a transposição da essência da trama.

Ao contrário do filme anterior, “Assassinato no Expresso do Oriente”, o mistério aqui é um pouco mais simples, apesar de ser da natureza do enredo, jogar uma série de artifícios narrativos para confundir o espectador e fazê-lo se desviar do que seria mais óbvio. Funciona menos do que se imagina, principalmente pelo fato da produção ter diminuído o número de personagens do livro, fazendo os mais atentos descobrirem pelo menos parte do mistério mais rápido.

Por isso, novos elementos como o passado de Poirot no primeiro ato parecem tão interessante, apesar do fato dos puristas provavelmente odiarem porque a autora nunca falou sobre o passado do detetive mesmo em suas dezenas de livros lançados, ou até mesmo sobre seu TOC. Para se ter uma idéia de como o mistério tem pouca força, a disposição dos personagens e a dinâmica antes do assassinato parece até mais intrigante do que depois, pois aí eles já se voltam para a mesma personalidade defensiva de afirmarem de que não cometeram o crime.

Além disso, repete-se o mote do antecessor de os personagens estarem “presos” num lugar fechado – antes um trem, aqui um navio – dando uma incômoda sensação de que já vimos isso antes. O desfecho, que aliás é menos imprevisível, porém tão relevante quanto, deixa claro que a intenção dessa superprodução nunca foi ser feliz e edificante, o que conta positivamente, já que toda morte deixa um gosto amargo, mesmo que a justiça tenha sido feita, e também, de certa forma, questiona a competência e emotividade de Poirot, dando a ele um ciclo de reflexão emocional que neste filme se aprofunda mais.

Morte no Nilo” já não tem mais o elemento surpresa do primeiro filme, tampouco um mistério mais denso, porém é competente em se aprofundar no seu personagem principal, mesmo que dure um pouco mais que o necessário.

Curiosidades:

– O personagem Bouc (Tom Bateman de “Vingança a Sangue Frio”) não aparece nesse livro, mas foi colocado no filme para aprofundar o personagem de Poirot.
– Aliás ele e Poirot são os únicos personagens que aparecem em ambos os filmes.
– No final de “O Assassinato no Expresso do Oriente”, Poirot é informado sobre uma “Morte no Nilo” que ele deve investigar. Porém no filme, ele entra em cena antes do assassinato, o que pode significar que houve uma falha de roteiro no primeiro filme.
– Em “O Assassinato no Expresso do Oriente”, Poirot tenta achar dois ovos do mesmo tamanho para comer. Em “Morte no Nilo”, quando ele aparece sentado no Egito, ele está com dois ovos do mesmo tamanho.

Ficha Técnica

Elenco:
Kenneth Branagh
Susannah Fielding
Letitia Wright
Sophie Okonedo
Emma Mackey
Armie Hammer
Gal Gadot
Tom Bateman
Annette Bening
Rose Leslie
Ali Fazal
Jennifer Saunders
Dawn French

Direção:
Kenneth Branagh

Produção:
Kenneth Branagh
Judy Hofflund
Ridley Scott
Kevin J. Walsh

Fotografia:
Haris Zambarloukos

Trilha Sonora:
Patrick Doyle

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