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Em 1998, sacoleiro uruguaio que vive no subúrbio da pobre cidadezinha de Melo, fronteiriça ao Brasil, tem uma idéia para ganhar dinheiro com a ida do Papa João Paulo II à cidade: enquanto todos montam barraquinhas de comidas e bebidas, ele decide montar um banheiro no quintal de casa para atender aos milhares de visitantes esperados.
A força desta produção está em sua autenticidade. Apesar de ser uma obra de ficção, seus atores (e muitos são amadores) estão tão comprometidos e sua reconstituição do evento – com direito a entrevistas ao povo sobre o acontecimento – é tal que em muitas vezes assume um estilo documental. Mas nada disso seria suficiente sem a sinceridade de César Trancoso, o protagonista Beto, o qual se doa de corpo e alma no papel. De uma lucidez ímpar, ele em sua entrevista nos extras solta a pérola: ‘Num filme, todos que representam são atores. A única diferença entre os amadores e eu, é que apenas dou continuidade ao trabalho‘.
O filme só peca um pouco pelas suas mudanças de, digamos, humor, já que há momentos cômicos que em algumas vezes não casam como drama mostrado, inclusive seu desfecho falsamente esperançoso. De qualquer forma “O Banheiro do Papa“, co-dirigido por César Charlone (diretor de fotografia preferido de Fernando Meirelles) é uma ótima mostra de como fazer arte com muito pouco. Coisa que nós, hermanos brasileños, ainda engatinhamos.
[rating:3.5]
Ficha Técnica
Elenco:
César Trancoso
Virginia Mendez
Virginia Ruiz
Mario Silva
Henry de Leon
Jose Arce
Nelson Lence
Direção:
César Charlone
Enrique Fernández
Produção:
Elena Roux
Fotografia:
César Charlone
Trilha Sonora:
Luciano Supervielle
Gabriel Casacuberta