O Clã (“El Clan”)

A Argentina começa a abrir suas feridas sobre sua sangrenta ditadura com essa produção sobre o clã Puccio que, no início da década de 80, sequestrava e matava alvos ricos e inimigos dos militares sob o conhecimento e apoio destes, angariado polpudos resgates, mas sem devolver a vítima

O diretor Pablo Trapero de “Elefante Branco” desenvolve um filme de máfia pesado, nem tanto pela violência envolvida, mas potencializando os fatos reais que chegam a ser aterradores: a maneira como a trama se desenrola para dar ao espectador a magnitude do conhecimento da família de Arquimedes – o mentor dos sequestros – sobre seus atos é cheia de surpresas, como por exemplo na emblemática cena em que sua esposa prepara um almoço e ele pede mais frango (na hora você vai entender).

Também acerta na dinâmica entre os personagens da família e suas reações com o passar do tempo, bem como a dualidade de caráter de cada um. Funciona muito bem pelo elenco afinadíssimo e encabeçado pelo mestre Guillermo Francella (“O Segredo de Seus Olhos”, irreconhecível) que dá uma aula de interpretação como Arquimedes, com seus olhares profundos a uma distinção inconfundível. Ele e o ator Peter Lanzani que interpreta seu filho mais velho carregam o filme nas costas e sua química é excepcional.

Focado no clã em si, o roteiro só faltou explorar mais a relação de Arquimedes com os militares que é visto muito superficialmente. A trilha sonora de Sebastián Escofet consegue ser retrô e passar uma sensação de volta aos anos 80 até maior que a própria cenografia, que deveria ser a principal responsável por isso.

A cena final é chocante e a história contada antes dos créditos finais torna tudo ainda mais real e mais assustador. “O Clã” é mais uma vitória do cinema argentino que não teve medo de por o dedo na ferida e ainda conferiu um tom artístico na medida certa, além de ter um protagonista de primeira linha.

Curiosidades:

– Apesar da marca registrada de Guillermo Francella ser seu bigode e cavanhaque, seus filmes mais conhecidos mostram o ator de cara lavada (O Segredo de Seus Olhos e O Clã).
– Da mesma forma, esses dois filmes são suspenses dramáticos, enquanto Guillermo Francella é bem mais conhecido na Argentina pelas suas comédias.
Entre o início da escrita do roteiro até o fim das filmagens, foram 8 anos de trabalho.

Ficha Técnica

Elenco:
Guillermo Francella
Gastón Cocchiarale
Peter Lanzani
Stefanía Koessl
Aníbal Barengo
Aldo Onofri
Rubén Estévez
Miguel Ángel Lembo
Fabio Aste
Fernando Miró
Juan Cruz Márquez de la Serna
Santiago Privitera
Franco Masini
Antonia Bengoechea
Lili Popovich

Direção:
Pablo Trapero

Produção:
Agustín Almodóvar
Pedro Almodóvar
Esther García
Matías Mosteirín
Hugo Sigman
Pablo Trapero

Fotografia:
Julián Apezteguia

Trilha Sonora:
Sebastián Escofet

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