O Dono do Jogo (“Pawn Sacrifice”)

É um filme belamente triste. Mas ainda assim triste. Porque justamente quem deveria ser o herói tem uma personalidade degradada, seja por transtornos psicológicos e/ou pelas suas próprias escolhas egoístas e mimadas. Muito menos um anti-herói como um Deadpool da vida, mas apenas um gênio atormentado no caminho da autodestruição. E isso é o que torna o filme fascinante, sobre como o paranoico e genioso enxadrista Bobby Fischer, conhecido como o maior da história, desafiou os campeões mundiais russos no auge da Guerra Fria numa batalha mental que iria torna-lo um melancólico símbolo de uma vitória americana em meio a tantos fatos que abalaram os EUA na época como a derrota no Vietnã e o escândalo de Watergate que terminou por depor o Presidente Nixon.

Começa que talvez esse seja o melhor papel de Tobey Maguire (“O Grande Gatsby”) em mais de uma década. Com um rosto sempre abatido e corroído pela sua própria neurose e arrogância, ele parece derrotado até em suas vitórias e miserável nos momentos em que deveria estar feliz, como se sua vida fosse apenas uma série de jogadas robóticas do xadrez que ele toma pra si mais como maldição do que paixão.

O diretor Edward Zwick (“Amor e Outras Drogas”) entende isso perfeitamente e, apesar do filme apontar sempre para a batalha contra o mestre russo Boris Spassky (o sempre competente Liev Schreiber do vencedor do Oscar “Spotlight”), ele compreende que a batalha interna de Fischer é maior do que qualquer outra partida.

O roteiro desenvolve sem pressa a história e mesmo um tanto burocrática e linear, a narrativa consegue ambientar o espectador no complexo mundo do xadrez, tornando-se acessível o suficiente para que se perceba, por exemplo, como é prodigioso quando Fischer joga xadrez mentalmente com seu antigo colega e assistente Padre Bill (Peter Sarsgaard de “Aliança do Crime”).

Inspirado em fatos reais “O Dono do Jogo” é um drama que envolve o espectador pela personalidade do seu protagonista e sai do lugar comum dos filmes de superação, levando o espectador para o âmbito mais soturno e depressivo do que é ser um herói.

Curiosidades:

– A voz que Bobby Fischer escuta nas fitas cassetes sobre o comunismo é a de Liev Schreiber que também interpreta o russo Boris Spassky.
– Quando Ficher escuta as minúcias de sons que atrapalham a sua concentração, a câmera faz um efeito de aproximação idêntico ao senso de aranha do Homem Aranha, personagem que Tobey Maguire já interpretou.

Ficha Técnica

Elenco:
Tobey Maguire
Liev Schreiber
Michael Stuhlbarg
Peter Sarsgaard
Edward Zinoviev
Alexandre Gorchkov
Lily Rabe
Seamus Davey-Fitzpatrick
Aiden Lovekamp
Sophie Nélisse
Evelyne Brochu
Conrad Pla
Vitali Makarov

Direção:
Edward Zwick

Produção:
Gail Katz
Tobey Maguire
Edward Zwick

Fotografia:
Bradford Young

Trilha Sonora:
James Newton Howard

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