O Grande Hotel Budapeste (“The Grand Budapest Hotel”)

https://www.youtube.com/watch?v=BngvDllHqAc

Uma das grandes qualidades a cada filme mais apurada pelo cineasta Wes Anderson é fazer com que seus personagens e cenários caricatos e cartunestos contem histórias que criem afinidade com a realidade e com o ser humano a fim de tocá-lo na emoção. Aqui ele não só atinge esse êxito como consegue a escolha das palavras nos diálogos que o potencializam.

Tudo começa com uma história dentro de uma história: um escritor (Tom Wilkinson de “O Cavaleiro Solitário”) conta a história de quando era mais jovem (interpretado por Jude Law de “A Recompensa”) e se hospedou no decadente Hotel Budapeste. Lá, ele conhece o excêntrico dono Mr. Mustafa (F. Murray Abraham da série “Homeland”) que abre a história de como ele adquiriu o hotel no início da Segunda Guerra, época em que o hotel vivia seus melhores dias.

Mr. Gustave (Ralph Fiennes de “Coriolano” num desempenho espetacular) era o peculiar gerente cheio de manias, que tinha o hábito de cortejar velhas senhoras. Sempre acompanhado pelo jovem garoto de recados Zero (o novato Tony Revolori), sua vida vira de cabeça pra baixo quando recebe um valioso quadro de herança da octogenária milionária Madame D. (Tilda Swinton de “Expresso do Amanhã” mais uma vez irreconhecível pela pesada e excelente maquiagem), despertando a fúria de sua família, principalmente de seu filho Dmitri (Adrien Brody de “Armadilha do Destino”) e seu capataz Jopling (Willem Dafoe de “A Culpa é das Estrelas”, amigo e constante colaborador do diretor). Os vilões vão incriminar Mr. Gustave pelo assassinato de Madame D. e nosso improvável herói, junto a seu pupilo Zero deverão arranjar um meio de sair da enrascada.

Contando com um invejável elenco, todos do time A de Hollywood – e os que foram citados são apenas uma pequena amostra – Anderson usa e abusa (no bom sentido) na cenografia e caracterização surreal do ambiente ajudado pela impecável fotografia de Robert D. Yeoman, repetindo a parceria de “Moonrise Kingdom”, com efeitos especiais propositalmente rudimentares, como o teleférico praticamente feito de brinquedo ou a perseguição na neve. Misturando esse aspecto à caracterização dos personagens, temos um conto que habita mais o imaginário do que o real.

O diretor consegue extrair o humor em quase todas as situações, seja pelas brilhantes atuações, pela própria movimentação de câmera e também pela atração à parte, a deslumbrante trilha do mestre Alexandre Desplat (“Godzilla”). Mas seu diferencial é justamente no desfecho onde através de poucas frases, o filme assume um tom dramático e emocionante que dá uma drástica mudança na maneira como o espectador vai entender a história em retrospecto.

Por essas e outras, “O Grande Hotel Budapeste” não é apenas mais uma grande obra de Wes Anderson, mas uma que sobe ainda mais um nível em sua linguagem, conseguindo emocionar através de uma belíssima poesia áudio visual.

Ficha Técnica

Elenco:
Ralph Fiennes
F. Murray Abraham
Mathieu Amalric
Adrien Brody
Willem Dafoe
Jeff Goldblum
Harvey Keitel
Jude Law
Bill Murray
Edward Norton
Saoirse Ronan
Jason Schwartzman
Léa Seydoux
Tilda Swinton
Tom Wilkinson
Owen Wilson
Tony Revolori

Direção:
Wes Anderson

Produção:
Wes Anderson
Jeremy Dawson
Steven M. Rales
Scott Rudin

Fotografia:
Robert D. Yeoman

Trilha Sonora:
Alexandre Desplat

DIREÇÃO

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram